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Traumas guiam personagens do filme 'A Oeste do Fim do Mundo'
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RODRIGO LEVINO
ENVIADO ESPECIAL A USPALLATA (ARGENTINA)
Enquanto a brasileira Fernada Moro se baseou em relatos de mulheres violentadas por seus maridos e depoimentos sobre perdas de filhos para compor a personagem, o uruguaio César Troncoso usou mais de "feeling" na construção do sisudo León.
Brasileiro roda drama sobre veterano das Malvinas e mulher que foge da violência
Cidade argentina ainda relembra filmagens de Brad Pitt
Ator uruguaio César Troncoso está em outros dois longas nacionais de 2013
"Eu tenho um pouco dessa necessidade de silêncio, de quietude. Não, claro, pelos mesmos motivos dele. Mas tirei León de mim."
A escolha da locação desértica acentuou o aspecto eremítico da trama, que tem poucos diálogos. É possível dirigir por horas nas estradas da região do Aconcágua sem encontrar uma casa sequer.
divulgação | ||
Cena de "A Oeste do Fim do Mundo" |
Aos poucos e forçosamente Ana e León vão se aproximando, a despeito do tratamento grosseiro que ele lhe dispensa inicialmente. Ela não consegue ir embora; ele não vê motivo para partir.
No meio dos dois, há Silas (Nelson Diniz), brasileiro que transita na fronteira entre Argentina e Chile traficando peças de automóveis e cometendo pequenos delitos. Ele serve como ponto de aproximação entre os protagonistas.
Um detalhe faz a interseção com a realidade. A certa altura, Ana acha nos armários de León uma boina e duas estrelas de honra militar.
É nesse momento que ela tem acesso a pistas do passado do personagem.
"A boina me foi dada por um dos reservistas que conheci. Depois de contar todo o drama que viveu, ele me disse que levasse aquilo embora, que só trazia más lembranças", conta o diretor Paulo Nascimento, também roteirista do filme.
CENÁRIO
Uspallata saltou na lista dos lugares pretendidos pelo diretor não só pela cenografia desértica. A cidade viveu um "boom" de produções cinematográficas depois das filmagens de "Sete Anos no Tibet" (1997), com Brad Pitt (leia em folha.com/no1195730).
A estrutura do lugar, mesmo inflacionada (ainda por reflexo da estadia de Pitt), permitiu ao diretor custos mais baixos do que se tivesse optado por rodar no Brasil.
O filme, que estreia em fevereiro de 2013, tem orçamento de pouco mais de US$ 1,2 milhões (ou R$ 2,4 milhões). e coprodução argentina.
O jornalista RODRIGO LEVINO viajou a convite da produção do filme.
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