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21/12/2012 - 05h20

Crítica: Satisfação com "As Aventuras de Pi" não vem do 3D, mas da sensibilidade de Lee

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INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O cinema aprende, aos poucos, a lidar com o 3D. Não é o lugar do realismo, aquele que melhor reproduz a visão humana. Não é bem isso: os objetos de fundo parecem não raro distantes demais da imagem central; o desfoque compromete a proximidade com a "visão natural"...

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Não, o 3D é o lugar da fantasia. Isso ficava bem claro no passado reconstituído em "A Inveção de Hugo Cabret". Fica ainda mais evidente neste "As Aventuras de Pi", de Ang Lee.

A fantasia domina a partir da ficção proposta. Temos, no centro, um jovem chamado Pi, que cresce em um zoológico na Índia. Por proposta do pai, toda a família entra em um navio com destino à América, levando o zoo junto. Durante uma tempestade, o navio em que viaja naufraga.

Divulgação
Cena de "As Aventuras de Pi", novo filme de Ang Lee
Cena de "As Aventuras de Pi", novo filme de Ang Lee

É o início da longa e fantástica aventura do rapaz num oceano interminável, na incômoda companhia de um tigre faminto.

No caso, aqui, a questão não é omitir o final, e sim os detalhes, uma série deles pelo menos. O essencial é que essa história, contada a um agente de seguros, parece claramente absurda.

Cabe ao agente (e ao espectador) escolher: será tudo isso delírio, mentira, exagero, pura e simples falsidade?

O agente da seguradora, assim como nós, é forçado a raciocinar em torno da questão: o que será verdadeiro na ficção? Ou ainda: pode a ficção ser verdadeira?

É a ela que cada filme, cada livro precisa dar resposta. E uma resposta satisfatória o bastante para prender a atenção do espectador.

Se "As Aventuras de Pi" parece um filme inteiramente satisfatório, isso se deve não tanto ao 3D quanto à sensibilidade de Ang Lee para se aproximar dos fatos da natureza: os animais, certamente, mas também o mar, as tempestades e mesmo as miragens (seriam miragens ou realidades, coisas como a estranha ilha a que chega a horas tantas?).

É claro que, sendo um filme em 3D, não faltam coisas como água respingando em nosso nariz. São quase obrigações desse sistema.

No entanto, Lee realiza uma impressionante sequência de tempestade. Não só pela tempestade em si como pela maneira como Pi invoca todas as forças da natureza, como se fosse ele também parte delas. Talvez fosse, pelas qualidades que demonstra depois: um homem-natureza.

Os episódios se sucedem, muitos deles dizendo respeito à convivência com seu tigre -companheiro de infortúnio e de viagem, ameaça tão terrível quanto tubarões.

Momentos em que o cineasta demonstra sua convicção. A rigor, o que temos é um homem, um bote, um tigre. Com isso, Lee faz um filme belo, assustador, pleno de reviravoltas. Por que pedir mais?

AS AVENTURAS DE PI
DIREÇÃO Ang Lee
PRODUÇÃO EUA/China, 2012
ONDE Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo

 

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