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06/02/2013 - 03h57

Grupo irlandês My Bloody Valentine lança álbum após 22 anos

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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Uma espera de 22 anos terminou no último domingo, quando o grupo irlandês My Bloody Valentine lançou em seu site o LP "m b v". Foi apenas o terceiro álbum do grupo, fundado em 1983. Desde o disco "Loveless", de 1991, eles não soltavam material de composições inéditas.

O lançamento de "m b v" foi recebido com estardalhaço pela imprensa musical e pelos fãs do grupo.

O site da banda recebeu tantos acessos que caiu. Todo mundo queria ser o primeiro a ouvir o disco.

Divulgação
A banda irlandesa My Bloody Valentine
A banda irlandesa My Bloody Valentine

Mas por que tanto frenesi em cima de uma banda que só lançou três LPs em 30 anos? Porque "Loveless" é um daqueles clássicos que influenciou gerações.

Com suas guitarras etéreas, camadas de distorção e vocais sussurrados e indecifráveis, o guitarrista Kevin Shields, o "gênio louco" por trás do My Bloody Valentine, fez para as "guitar bands" dos anos 1990 o que o produtor Phil Spector --outro excêntrico genial-- havia feito para os "girl groups" dos anos 60, como as Ronettes ("Be My Baby"): uma obra-prima que escondia, sob a aparente simplicidade do gênero, um triunfo de produção e sonoridade.

My Bloody Valentine é considerada uma das expoentes do "shoegaze", um subgênero do rock alternativo que misturava guitarras barulhentas a melodias pop. O termo "shoegaze" quer dizer "olhar para o próprio sapato" e foi inventado pela crítica musical britânica para descrever a atitude predominantemente estática e concentrada das bandas em cima do palco.

Além do My Bloody Valentine, fizeram parte da onda "shoegaze" bandas como Ride, Lush, Swervedriver, Chapterhouse e Slowdive. A influência do gênero pode ser ouvida em grupos de sucesso como Smashing Pumpkins e Arcade Fire.

"Loveless" não foi um sucesso de vendas, mas rendeu ao My Bloody Valentine um ótimo contrato com a gravadora Island, que pagou um adiantamento polpudo pelo disco seguinte. Mas Kevin Shields tinha outros planos: ele usou a grana para construir um estúdio, mas nunca entregou o disco.

Citando falta de inspiração, Shields praticamente abandonou o grupo, que se dispersou e ficou 15 anos sem se apresentar, até retornar aos palcos em 2007.

Desde o lançamento de "Loveless", fãs e jornalistas esperam pelo próximo trabalho de Shields, considerado um dos músicos mais talentosos e imprevisíveis das últimas décadas (além dele, o único integrante remanescente da formação original é o baterista Colm Ó Cíosóig).

À primeira audição, o novo disco, "m b v", parece uma continuação de "Loveless", com o mesmo estilo e sonoridade: camadas e mais camadas de guitarras superpostas e vocais enterrados sob montanhas de efeitos, criando mantras de barulho e microfonia. Parece que a banda retomou exatamente de onde havia parado em 1991.

Se por um lado a falta de ousadia incomoda, por outro os fãs de Kevin Shields sabem exatamente o que vão encontrar. Só torcemos para que o próximo disco saia antes de 2035.

 

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