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12/02/2013 - 06h28

Artesanais aliam tradição a tecnologia para baixar preços

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RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA

É como um fast food, diz o editor Vanderley Mendonça. Se alguém pede um hambúrguer, falta só fritar. O pão já está pronto, a salada também.

A analogia diz respeito à agilidade do novo modelo de produção do selo Demônio Negro, mas tem sua ironia. Numa escala culinária de resultados, os livros que Mendonça edita decerto estariam mais para a alta gastronomia do que para um lanche rápido.

O selo já apostava desde 2009 num misto de impressão digital e acabamento artesanal para produzir, em pequenas tiragens, obras de qualidade como "O Guesa", de Sousândrade (1833-1902).

Mendonça agora reduziu ao máximo a ideia de tiragem. Alguns miolos dos títulos ficam prontos, à espera; o acabamento é feito quando há encomenda. Com isso, é possível inclusive imprimir no volume o nome do comprador.

O método ficará ainda mais charmoso em março, quando Mendonça abrirá uma oficina tipográfica no espaço cultural Intermeios, em Pinheiros, que ganhará também livraria. O cliente poderá então ver o livro sendo feito.

O selo tem margem de lucro mínima, em especial se considerado o tempo dedicado a cada volume. Um livro com capa em tecido alemão, como "O Guesa", não passa de R$ 70.

"Não ganho muito com isso, mas também não perco dinheiro", diz o editor e único funcionário da Demônio Negro. Seu sustento, na verdade, vem de seu trabalho como diretor de multinacional de embalagens de alimentos.

Lalo de Almeida/Folhapress
Vanderley Mendonça, que abrirá oficina tipográfica
Vanderley Mendonça, que abrirá oficina tipográfica

A dedicação ao livro artesanal é também mais paixão do que fonte de renda para Maria Lutterbach. A jornalista acaba de editar o título de estreia da versão nacional da Mínimas, editora espanhola criada por Iván Larraguibel.

"Bonecas" tem poemas de Duda Fonseca ilustrados por Ana Vilar como as antigas revistas de bonecas de papel, com figurinos para recortar e montar (isso para quem tiver coragem de tesourar o livro).

As ilustrações foram feitas a partir de retalhos cortados a laser. A edição só em papel, com 470 cópias, custa R$ 30; a com capa de pano terá 30 unidades, a R$ 60 cada uma.

Em comum, além de recorrer a novas tecnologias, as artesanais tendem a eliminar intermediários para oferecer preços acessíveis: as vendas são apenas pela internet ou em poucas lojas selecionadas.

"Estudamos distribuir para livrarias, mas encareceria os livros", diz Alexandre Nodari, editor na Cultura e Barbárie, que vende só pelo site. A casa passou a editar só artesanalmente no fim de 2012.

Com livraria própria, a curitibana Arte e Letra oferece, em sua recém-lançada primeira leva de artesanais, clássicos como "Luzes", de Anton Tchékhov, a R$ 60 a unidade.

A editora preferiu ser tradicional na tecnologia, usando impressão tipográfica. Caprichou, mas não foi nada fast food: até pegar todos os macetes, demorou um ano inteiro para editar três títulos.

 

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