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Crítica: Com direção quadrada, forte de "Anna Karenina" são os figurinos
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INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Diante de "Anna Karenina", talvez o espectador se pergunte que sentido faz, hoje, a adaptação do romance de Tolstói.
Afinal, quando era Greta Garbo quem se debatia, nos idos de 1935, com os prazeres e dores da infidelidade conjugal, o filme se dirigia a uma plateia de mulheres reprimidas e oprimidas, que podiam, no escuro da sala, sonhar com o gozo em outros braços que não o do marido e, antes ainda do fim do filme, expiar a culpa pela sua falta.
Até que ponto esse sentido persistiria ainda hoje? De certa forma, sim. Mas não é tão provável que sucessos passados se repitam na mesma proporção. A nova "Karenina" tem uma estrela, na pessoa de Keira Knightley. É essa nobre senhora da corte russa que vai se apaixonar pelo sedutor conde Vronsky.
Divulgação | ||
Aaron Taylor-Johnson e Keira Knightley em cena de "Anna Karenina" |
Talvez aqui comecem os problemas do filme de Joe Wright: Vronsky (Aaron Taylor-Johnson) não parece um tipo por quem uma mulher, e muito menos Karenina, abandonaria o sossego de um casamento seguro e cheio de prestígio político. No entanto, Vronsky passeia pelos palácios com seu ar afetado e as mulheres suspiram. Anna, como se sabe, se deixará seduzir inteiramente por ele.
Na outra ponta da tragédia está o diligente Karenin, o marido. Ou seja, Jude Law. Com toda franqueza, Karenin tem muito mais carisma e parece mais interessante (até como marido) do que o vazio Vronsky.
Mas o roteiro pede assim, e Anna cai nos braços de Vronsky, entre bailes e vestidos, cenografias e figurinos. Pois é um filme, antes de mais nada, de direção de arte. É o traje azulado de Vronsky, os óculos e a maquiagem de Karenin, os vestidos de Anna que podem nos impressionar.
Quase nada sobra à maneira ostensiva como atira seu desejo na cara da corte, como olha com desdém para as infelizes seguidoras da ordem. Talvez fosse esse o sentido forte do filme: a maneira audaz como Anna joga com a ordem social, e que faz dela uma personagem trágica.
Joe Wright, o diretor, prudentemente britânico, quadradamente britânico, deixa tudo isso escoar em silêncio, entre os frufrus do baile, a tolerância de Karenin e as rodas de uma locomotiva.
ANNA KARENINA
DIREÇÃO Joe Wright
PRODUÇÃO Reino Unido, 2012
ONDE Cidade Jardim Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ruim
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