Série juvenil conta história do Brasil com gírias e 'sem papas na língua'

Crédito: João Caldas/Divulgação Tom Hamburger (ao centro) e os ator Felipe Frazão e Letícia Fagnani, no programa "O Canal da História"
Tom Hamburger (ao centro) e os ator Felipe Frazão e Letícia Fagnani, no programa "O Canal da História"

GUSTAVO FIORATTI
DE SÃO PAULO

Tom Hamburger, filho do cineasta Cao Hamburger, começou a estagiar em direção para cinema aos 15 anos, quando o pai filmou "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias" (2006). Ele ri ao contar que essa proximidade foi sua "estratégia de trabalho".

Os dois voltaram a trabalhar juntos na produção de uma série para o Futura, o "Canal da História", em que Tom assume a direção. Para TV a cabo e também disponível no site Futura Play, o programa foi pensado para ensinar história do Brasil em linguagem coloquial.

Dois apresentadores adolescentes, Clara (Letícia Fagnani) e Neto (Felipe Frazão), recebem, por meio de uma máquina do tempo, a visita de personagens ilustres do passado do país. Escolhidos em testes por celular, os atores tiveram a liberdade de criar cacos e improvisos sobre o texto final de cada episódio.

O primeiro teve como protagonista Pedro Álvares Cabral, que baixa no cenário (uma sala meio bagunçada) ainda mareado e dá uma escapada ao banheiro quando Neto permite: "O senhor está precisando dar uma gorfada?".

Clara explica que eles precisam "dar um tempinho" para o convidado se recuperar. "Vamos aproveitar para falar dos motivos que levaram a coroa portuguesa a gastar uma nota nesses rolês de barco", introduz. "Isso aí que você falou se chama Grandes Navegações", repreende Frazão.

O personagem dele é mais nerd, e o dela veste jeito abusado. "E aí Pedroca", arrisca, quando Álvares Cabral retorna. O episódio já foi ao ar em outubro, mas pode ser revisto também no YouTube.

Já foram transmitidos também capítulos sobre Carlota Joaquina, Luís Gama e Dom Pedro 1º, totalizando até agora 12 exibições dos 26 produzidos. Teve ainda Antônio Conselheiro, que dá um sermão a pedido de Neto, deixando Clara entediada. Ela dorme no meio do texto.

SEM APOSTILAS

"Fomos inspirados pelo momento de youtubers bombando, o que bate muito forte com a juventude. É a coisa de falar sem papas na língua, mas com conteúdo rígido, porque é um programa educativo", define Tom.

Fez parte dessa rigidez abrir espaço para versões da história que não são exatamente aquelas que especialmente as gerações já formadas aprenderam na escola. Dois jovens historiadores, André Amano e Diego Knack, ampararam a pesquisa. Eles sugeriram inclusões de personagens fundamentais porém menos célebres.

Para falar do período pós-abolição da escravatura, por exemplo, o episódio 13 (que vai ao ar nesta segunda, 8), tem como protagonista Tia Ciata (1854-1924), mulher negra que foi do Nordeste ao Rio e tornou-se uma agitadora cultural, como define Tom.

"Era mãe de santo, e a casa dela [no surgimento das favelas cariocas], tinha festas dos Orixás e ao mesmo tempo recebia o pagode todo."

Finalizada a produção da série, Tom está atualmente trabalhando no roteiro de um documentário que compara os sistemas prisionais brasileiro e mexicano.

NA TV
Canal da História
Quando: segunda, às 21h30, no canal Futura e no Futura PLay

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