Eddie Vedder canta sobre perdas e celebra espíritos em show solo  

Vocalista do Pearl Jam fez apresentação 'de natureza intimista' em São Paulo

São Paulo

Com casa cheia —4.150 lugares ocupados, de acordo com a organização—, Eddie Vedder abriu a segunda parte da sua temporada no Brasil nesta quarta (28). 

Após tocar com o Pearl Jam no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e no segundo dia do festival Lollapalooza, em São Paulo, Vedder fez sua primeira apresentação solo no Citibank Hall, na capital paulista, numa série de shows que segue até sexta (30). Todos os ingressos já foram vendidos

Nesta primeira noite, cantou “sobre perdas” e celebrou espíritos, “que entram de graça”, como ele mesmo disse em português suado —lido de uma cola.

Vedder começou com pouco atraso, minutos depois da abertura do irlandês Glen Hansard. Antes de subir ao palco, um aviso assinado pela sua equipe exibido nos telões da casa proibia, “pela natureza intimista do show”, que o público filmasse ou fotografasse.

Ao entrar, parecia que a chuva forte que caiu durante a tarde havia empurrado ares de melancolia a Vedder. Em sua primeira fala após algumas músicas, o americano discursou sobre morte.

“As músicas serão sobre perdas, e não falo sobre futebol”, avisou, arrancando risos. “Desde a última vez em que estive aqui, há três anos, perdi pessoas próximas, heróis e meu irmão. Espero que vocês não tenham passado por isso, mas, se tiverem, vamos cantar”, disse, sem citar nomes. Sua última passagem pelo Brasil foi em maio de 2014, há quatro anos, com o mesmo show. No ano seguinte, ele voltou a se apresentar no país em turnê com sua banda, o Pearl Jam.  

Vedder abriu a apresentação ao piano, de costas para a plateia, após breve cumprimento, com “Share the Light”. 

Mais para frente, falou de Tom Petty, que morreu em outubro de 2017 devido a uma overdose acidental causada pela ingestão de diversos remédios para dor. Em sua homenagem, cantou “Wildflowers”. 

Depois, em mais um “momento deprê”, entoou a sombria “Hurt”, escrita por Trent Reznor, da banda Nine Inch Nails, e que também ficou famosa após um cover de Johnny Cash. “Não a toco com frequência, mas às vezes preciso”, disse Vedder. 

O americano também falou de armas e lembrou John Lennon, morto com um tiro em 1980 —neste momento, cantou “Imagine”, do ex-Beatles, enquanto a plateia levantava celulares com lanternas ligadas, pedido de Vedder. 

“Alguns fazem armas e acham que elas vão trazer segurança, mas as coisas são diferentes hoje. Nada mais é seguro por causa das armas. Pedimos que parem, pensem e sintam para que a violência diminua. E que nossos filhos estejam seguros em suas escolas.” 

Como de praxe, Vedder bebeu durante o show, brindou com o público e distribuiu copos de vinhos após dar suas goladas direto da garrafa. Para alegria dos fãs, o momento foi coroado com “Crazy Mary” cuja letra diz em um de seus versos: “Pegue uma garrafa, tome um grande gole, passe adiante”. 

Em síntese, a apresentação não foge da primeira que o artista mostrou aos brasileiros. Os instrumentos ficam em segundo plano, enquanto Vedder se vale do que tem de mais marcante: sua voz. 

Durante cerca de duas horas de apresentação, entoou sucessos da sua banda grunge como “I’m Mine”, “Immortality”, “Porch” e até a suave “Just Breathe”; fez covers como “Should I Stay or Should I Go?”; e cantou seus sucessos solos, principalmente do álbum “Into The Wild”, que fez parte da trilha sonora do filme “Na Natureza Selvagem”. Sorte do público que pode ouvir “Guaranteed”, “Society” e “Hard Sun”.

Erramos: o texto foi alterado

Eddie não derrapou nas contas, como versão anterior do texto dizia. A última vez que ele se apresentou no Brasil foi mesmo em 2015, com o Pearl Jam. No ano anterior, ele havia feito um show solo no país.

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