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Festival Serrote vai misturar não ficção e performance

Evento se inspira em tendência no exterior chamada de jornalismo ao vivo ou teatro documental

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Apresentação ao vivo da Pop-Up Magazine, iniciativa de ‘live-journalism’ sediada em San Francisco, nos Estados Unidos
Apresentação ao vivo da Pop-Up Magazine, iniciativa de ‘live-journalism’ sediada em San Francisco, nos Estados Unidos - Jon Snyder/Divulgação
São Paulo

Na última década, o que mais se ouve é que a tecnologia vai revolucionar o jeito de contar histórias, com inovações como livros interativos ou realidade virtual.

Por isso, chama a atenção ver que haja iniciativas pelo mundo voltando a mais antiga das formas: reunir pessoas em um lugar para narrar histórias em voz alta.

Nos Estados Unidos e na Europa, não há uma definição exata —há quem chame de “live journalism” (jornalismo ao vivo) ou teatro documental.

São iniciativas como The Moth e Pop-Up Magazine, nos EUA; a Live Magazine, na França; a Zetland Live, na Dinamarca; e o Diário Vivo, na Espanha. Com diferentes variações, com jornalistas ou pessoas comuns, todos acontecem no palco.

Agora, haverá a chance de ver algo do tipo no Brasil: o Festival Serrote, da revista de ensaios do IMS (Instituto Moreira Salles), que acontece nos dias 21 e 22 de abril.

O evento traz a São Paulo nomes como o jornalista argentino Martin Caparrós, a peruana Gabriela Wiener e o ensaísta americano Phillip Lopate, entre outros —a ideia é discutir as várias formas que o gênero ensaio pode tomar.

Ao fim do primeiro dia, haverá a apresentação Serrote ao Vivo, em que convidados sobem ao palco para contar histórias —a iniciativa é inspirada naquelas do exterior.

“Pensei que há um parentesco entre isso e o tipo de ensaio que a gente privilegia. O ensaio, na sua melhor tradição, é uma conversa com o leitor. Claro que [a Serrote ao Vivo] não é ensaio, mas é uma conversa nesse universo da não ficção”, diz Paulo Roberto Pires, editor-chefe da revista e curador do evento.

Fora a apresentação de Gabriela Wiener, as outras partem de performances ou textos inéditos. Participam a crítica literária Amara Moira, o jornalista Chico Felitti, o artista plástico Guto Lacaz e o escritor Joca Reiners Terron, entre outros.

Terron, por exemplo, vai contar sobre sua amizade com o escritor Valêncio Xavier. Quando Xavier morreu, em 2008, o escritor herdou uma coleção de folhetos de videntes e mães de santo —Terron imagina, em sua apresentação, o que Xavier planejava fazer com aquilo.

“Quando a tecnologia é tão central para se relacionar com o mundo, vejo um desejo pela experiência corporificada. Há a experiência coletiva, que produz impacto emocional. No fim, todos nós saímos para beber com o público”, diz Tina Antolini, produtora da Popi-Up Magazine.

A iniciativa, que começou em um bar, tem histórias apresentadas por jornalistas —e hoje tem uma revista impressa, que sai mensalmente no San Francisco Chronicle e no Los Angeles Times.

Já no The Moth, de Nova York, que virou também podcast e rendeu o livro “Tudo  Que É Belo” (Todavia), narrado por pessoas comuns.

“Não temos repórteres no palco. Não acho que o que fazemos tenha nada a ver com jornalismo. Algumas pessoas têm falado em teatro documental”, diz Catherine Burns, curadora do projeto.

Todas as iniciativas do tipo têm um ar de revista de variedades —a francesa Live Magazine chega a ser pensada em editorias. O evento da Serrote, por sua vez, vai remeter à estrutura da revista também.

“Haverá uma folha de rosto, uma carta do editor, que eu vou apresentar...”, diz Paulo Roberto Pires.
 

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