O diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, João Ribas, pediu nesta sexta-feira (21) a demissão do cargo. A sua decisão ocorreu devido a imposição de uma restrição etária, só para maiores de 18 anos, à parte de uma exposição fotográfica do americano Robert Mapplethorpe (1946-1989).
A rádio portuguesa TSF confirmou a demissão através de fonte oficial de Serralves.
A exposição reúne imagens que percorrem toda a carreira de Mapplethorpe. Há retratos de Richard Gere, de Iggy Pop e de muitos outros, como a amiga e cantora Patty Smith, mas também fotografias sexualmente explícitas.
A exposição, a primeira em Portugal de Mapplethorpe, abriu com menos 20 fotografias do que as 179 inicialmente anunciadas por Ribas. Segundo o JN , as imagens não foram expostas por não existir espaço suficiente nas salas destinadas à exposição e não por decisão da administração. Em declarações ao jornal português Público, que avançou a notícia, João Ribas explicou não ter condições para continuar a ocupar o cargo.
Na quinta-feira (20), Ribas acompanhou o repórter da TSF Rui Tukayana numa visita à mostra. Nela, o diretor artístico demissionário explicou que não cabe ao museu de Serralves condicionar o que os visitantes veem e que essa é uma escolha do público. O sexo é um tema constante em toda a exposição e em todas as salas há nudez e temas homoeróticos, sendo que uma delas é mesmo dedicada ao sadomasoquismo. À entrada, há avisos para o conteúdo explícito, e até a fundação Mapplethorpe chama a algumas dessas imagens de "desafiantes".
"A função do museu é representar as complexidades do nosso tempo e é fazer isso com bom senso e dando oportunidade a todos de poderem ver a exposição", disse João Ribas.
Nesta mesma visita, João Ribas defendeu que esta era uma exposição que representaria uma mais-valia para o museu, adiantando que não foi organizada a pensar no pudor mas sim na importância de "um artista que foi mostrado em museus pelo mundo inteiro, obras que são absolutamente fundamentais na história da arte e que são vistas por centenas de milhares de pessoas".
Em comunicado, a administração do Museu de Arte Contemporânea de Serralves afirmou que "não retirou nenhuma obra da exposição" e acrescentou que "desde o início, a proposta da exposição foi apresentar as obras de cunho sexual explícito numa zona com acesso restrito."
Diz, ainda, que "dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas, a Fundação considerou que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor."
Por fim, afirma que a exposição é composta por "159 obras do autor, todas elas escolhidas pelo curador desta apresentação", que foi o próprio direto do museu, João Ribas. Quanto à demissão, não há qualquer comentário.
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