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Polonês oscila entre medíocre e interessante, mas acerta em 'Guerra Fria'

Pawel Pawlikowski ganhou o prêmio de direção no último Festival de Cannes

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Guerra Fria

  • Quando Mostra: Seg. (22), às 14h, no Espaço Itaú Augusta; qua. (24), às 16h, no Cinearte Petrobras; sex. (26), às 13h30, no Espaço Itaú Frei Caneca; sáb. (27), às 14h, no Espaço Itaú Frei Caneca
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Joanna Kulig, Tomasz Kot, Borys Szc
  • Produção Polônia/França/Reino Unido (2018)
  • Direção Pawel Pawlikowski

Uma das possibilidades mais gratificantes do trabalho de um crítico é acompanhar o progresso de um cineasta que esteve sempre no intervalo entre a mediocridade e o interessante.

Nesse sentido, por vezes é menos arriscado vermos filmes de quem não esperamos muito, ou mesmo nada, do que de algum cineasta de cabeceira, pois a frustração pode ser dolorida no segundo caso, enquanto no primeiro a consolidação da surpresa pode chegar a ser empolgante.

É o que acontece com o diretor polonês Pawel Pawlikowski, que realiza agora seu melhor filme, "Guerra Fria", pelo qual ganhou o prêmio de direção no Festival de Cannes de 2018. É uma das atrações mais esperadas da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

mulher e homem deitados na grama
Cena do filme 'Guerra Fria', de Pawel Pawlikowski - Divulgação

Pawlikowski iniciou sua carreira num trânsito entre Inglaterra e Rússia, inicialmente com filmes ou séries de TV, para após estrear no cinema com "The Stringer", em 1998.

Seu primeiro longa de projeção internacional foi "Meu Amor de Verão" (2004), o primeiro também a estrear comercialmente no Brasil. O primeiro longa de fato polonês é "Ida", que dividiu a crítica com seu preto e branco soturno e seu rigor formal.

"Guerra Fria" é seu segundo longa polonês, ainda que a história seja apenas parcialmente ambientada na Polônia. O país, contudo, é onipresente, em espírito, nos personagens principais.

Esses personagens são Zula (Joanna Kulig) e Wiktor (Tomasz Kot). De formações e classes sociais distintas, eles vivem um romance intenso, mas constantemente interrompido. Encontros e desencontros durante a década de 1950, entre a Polônia, a Alemanha Ocidental, a Iugoslávia e a França.

Ele é maestro rigoroso, mas com um fraco para mulheres mais jovens. Ela é cantora de origem camponesa, e esbanja vivacidade. É escolhida por Wiktor no meio de outras mais talentosas, pelo carisma e pela força de espírito demonstrados por ela no teste.

O longa tem dois momentos distintos. O primeiro é mais musical. Mostra o clima crescente entre eles com belas canções na trilha. Essa parte nos encanta pelo que revela da raiz de um povo, seus costumes, sua musicalidade.

Com a fuga de Wiktor para a França, começam os desencontros que estruturam a segunda parte: a dos obstáculos para o amor. O primeiro desencontro é causado pela recusa dela em acompanhá-lo nessa fuga. Os demais porque ela, apesar de amá-lo, não quer deixar sua Polônia natal.

O título então faz alusão a esse pano de fundo —um país da Cortina de Ferro durante anos de polarização entre dois impérios, o soviético e o americano— que provoca a separação de duas pessoas que se amam.

Sem significar propriamente uma novidade (mas hoje em dia, quem seria novidade?), "Guerra Fria" representa um diretor que pela primeira vez demonstra pleno domínio de seu estilo.

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