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Especial recria programa 'O Fino da Bossa', que marcou a década de 1960

Filhos de Elis Regina e Jair Rodrigues, os apresentadores originais, estão à frente da atração

Os irmãos Jair Oliveira e Luciana Mello na nova versão de ‘O Fino da Bossa’, apresentado décadas atrás pelo pai deles, Jair Rodrigues (na tela) Divulgação Divulgação

Tony Goes
São Paulo

Entre 1965 e 1968, Elis Regina e Jair Rodrigues comandaram “O Fino da Bossa”, na Record. Junto com os festivais da canção, o programa ajudou a definir o que seria a MPB —uma sigla para música popular brasileira que até então não era utilizada.

Todas as semanas e quase sempre ao vivo, Jair e Elis recebiam grandes nomes da cena musical. Veteranos e novatos se encontravam no palco do Teatro Paramount, em São Paulo —e o que se passava ali ganhava enorme audiência e repercussão.

Quase não existem registros visuais do programa, que marcou a TV brasileira. Muitos episódios sequer foram gravados. Outros tiveram as fitas destruídas nos incêndios que atingiram a Record no final dos anos 1960 ou apagadas: elas custavam tão caro que, muitas vezes, eram reutilizadas.

Mas boa parte do áudio chegou aos nossos dias, graças aos esforços do pesquisador Zuza Homem de Mello. A memória também sobreviveu. Tanto que, quando a Record realizou uma pesquisa interna pedindo sugestões para comemorar os 65 anos da emissora, completados em 2018, venceu a ideia de Alexandre Sousa, do departamento de chamadas: reviver “O Fino da Bossa” com alguns dos artistas mais significativos da atualidade.

O especial vai ao ar nesta terça (11) e traz um elenco que nenhum canal, aberto ou não, tem reunido ultimamente. Há medalhões que chegaram a participar do programa original, como Gilberto Gil, Elza Soares e Marcos Valle (autor do tema de abertura, “Terra de Ninguém”, novamente utilizado). 

Há nomes mais “recentes”, como Alcione e Diogo Nogueira. E também jovens como o rapper Projota ou a sertaneja Paula Fernandes, vindos de extremos opostos da MPB e que dificilmente se cruzariam em outra situação.

Há, ainda, a dupla de apresentadores: Pedro Mariano, filho de Elis, e Luciana Mello, filha de Jair. Eles são amigos há anos, mas não de infância —conheceram-se no início da vida adulta e trabalharam juntos no projeto Artistas Reunidos. O diretor Allê Gonçalves conta que, por pouco, a dupla não foi outra: pensou-se em Maria Rita e Jairzinho, também filhos dos apresentadores originais.

Mas a primeira, em turnê pelo exterior, não aceitou o convite. Já o segundo participa do programa entre os convidados, que ainda incluem Daniel Jobim (neto de Tom), Simoninha e Max de Castro (filhos de Wilson Simonal), Fernanda Takai e Kell Smith.

“Fiquei surpreso duas vezes”, diz Pedro Mariano. “Primeiro, pela iniciativa; depois, pela demora em surgir essa ideia”. De fato, nem a Globo tem realizado projetos do gênero. Por outro lado, um formato tão simples, mas de grande prestígio, poderia ter sido reeditado há muito tempo.

A Folha esteve na gravação de “O Fino da Bossa”. A plateia, formada por funcionários da Record, convidados e jornalistas, vibrava a cada número —quase todos clássicos, como “Upa Neguinho” ou “O Morro Não Tem Vez”.

O entrosamento entre os artistas também surpreendeu. Alguns haviam acabado de se conhecer, e vários não puderam participar dos ensaios no dia anterior. Mas todos chegaram sabendo onde deveriam entrar: o diretor musical Otavio de Moraes enviou fitas demo para todos, com os arranjos vocais e instrumentais.

“Deu tudo certo”, afirma Allê Gonçalves. “E, quem sabe, não é uma semente?”, acrescenta Luciana Mello. “Se a audiência for boa, a Record vai querer mais.”

Especial O Fino da Bossa
Terça (11), às 23h15, na Record

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