Descrição de chapéu Artes Cênicas

Morre aos 87 anos, em São Paulo, a atriz Etty Fraser

Ela se destacou como defensora dos direitos da classe teatral e foi integrante dos primeiros anos do Teatro Oficina

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A atriz Etty Fraser na estreia da peça "Azul Resplendor", em 2013
A atriz Etty Fraser na estreia da peça "Azul Resplendor", em 2013 - Greg Salibian/Folhapress
São Paulo

Integrante dos primeiros anos do Teatro Oficina, a atriz Etty Fraser morreu nesta segunda-feira (31), aos 87 anos. Ela estava internada desde sábado no Hospital São Luiz, em São Paulo, e sofreu insuficiência cardíaca.

No Instagram, o ator e diretor Odilon Wagner disse que Fraser era uma "fonte de alegria". Wagner dirigiu a atriz em seu último trabalho, a peça "A Última Sessão", em 2014. A montagem reuniu outros nomes consagrados e veteranos da dramaturgia nacional como Nívea Maria, Miriam Mehler, Sylvio Zilber, Sonia Guedes, Yunes Chami, Gésio Amadeu, Gabriela Rabelo e Marlene Collé.

"Etty Fraser era a encarnação da alegria! Atriz, cozinheira, apresentadora, e uma amiga que eu gostava muito. Vá em paz, minha querida!", escreveu o autor de novelas Walcyr Carrasco, no Twitter.

Nascida no Rio de Janeiro em 1931, Etty Fraser Martins de Souza estudou letras anglo-germânicas na USP, mas logo enveredou pelo teatro e integrou os primeiros anos do Teatro Oficina. Estreou profissionalmente em 1959, com "A Incubadeira", com texto e direção de Zé Celso. No grupo do encenador, destacou-se em montagens importantes, como "A Vida Impressa em Dólar", "Pequenos Burgueses" e a célebre "O Rei da Vela", na qual fazia a debochada Dona Cesarina.

Com "Os Inimigos do Povo", montagem do Oficina para o texto de Máximo Górki, alcançou grande reconhecimento por sua elogiada atuação. À época, assim publicou a revista Visão sobre a performance da atriz: 

"Torna-se difícil falar dos intérpretes devido não só à qualidade de seus trabalhos que os faz funcionar como um todo quase homogêneo, como também em razão do numeroso elenco. Cumpre porém destacar [...] Etty Fraser, transmitindo com grande talento a figura da mulher que não compreende o que se passa, que não percebe direito que seu mundo está desmoronando".

Fraser circulou por diversos âmbitos da cena teatral dos anos 1960, trabalhando com outros destacados diretores da época, como Adolfo Celi (que a dirigiu em "Calúnia", no Teatro Brasileiro de Comédia), Antunes Filho, e Antônio Abujamra.

Ela alternava participações no teatro e na televisão, como as novelas "Beto Rockfeller", da TV Tupi, e "Sassaricando", da Globo. 

Após mais de 20 anos longe do cinema, Fraser voltou às telas em 2002 no filme "Durval Discos", da diretora Anna Muylaert.  Em entrevista à Folha em 2003 ela disse que a participação no logonga  era "um presente" por seus então 72 anos.

Ela também se destacou por defender os direitos da classe artística —em 1992, tornou-se diretora do  Fact (Fundo de Assistência à Classe Teatral), que ajuda atores de teatro, bailarinos e artistas circenses portadores de HIV ou sem condições de trabalho.

Ela foi casada com o também ator Chico Martins, que morreu em 2003. Eles contracenaram juntos em peças como " As Feiticeiras de Salem", " A Importância de Ser Fiel" e " Pequenos Burgueses". 

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