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Mercado global de arte cresce, mas mulheres ficam na base da pirâmide

Total de vendas subiu 6% em relação ao ano anterior, mas ainda há disparidade entre os gêneros

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Público na abertura da edição de 2019 do Armory Show, em Nova York
Público na abertura da edição de 2019 do Armory Show, em Nova York - Spencer Platt/Getty Images/AFP
Nova York

O mercado da arte atingiu o segundo maior valor total de vendas da última década, chegando a US$ 67,4 bilhões, cerca de R$ 260 bilhões, no ano passado. É um aumento de 6% em relação a números registrados em 2017. Mas mostra ainda que a bonança está concentrada nas mãos dos homens, que levam vantagem em relação a artistas mulheres no mundo todo.

Os dados são do relatório anual do grupo Art Basel, que comanda as principais feiras do mundo, em Basileia, Miami e Hong Kong, divulgado agora durante a semana das maiores feiras de Nova York, encabeçadas pela Armory Show.

Lançado no Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, o estudo revela que ainda há grande disparidade entre os artistas homens e as mulheres no mercado. 

De acordo com o levantamento, pinturas criadas por homens tendem a ter uma presença duas vezes maior em leilões do que as feitas por mulheres, um quadro que se agrava em países com uma incidência maior de disparidade econômica entre os gêneros.

O estudo, citando dados do site Artfacts.net, lembra que  mulheres foram só 33% dos artistas escalados para mostras internacionais. Nos times das galerias, mulheres são em média 36% dos nomes representados e respondem por 32% do faturamento de cada casa.

Quando considerados só os artistas representados por cinco ou mais galerias no mundo, ou seja, nomes de maior sucesso comercial, as mulheres são só 17%. Entre os que figuram no time de mais de 15 galerias, mulheres representam um décimo do total.

Fora questões de gênero, o relatório da Art Basel revelou uma mudança no ranking dos principais mercados globais. Enquanto os Estados Unidos ainda lideram a lista, respondendo por 44% das vendas de arte, o Reino Unido, mesmo em meio à crise do brexit, desbancou a China, segunda colocada há dois anos, com 21% do volume total negociado. O país asiático registrou 19%.

Juntos, no entanto, os três países respondem por 84% das vendas em escala global, o que deixa nítida a concentração de riquezas no mercado.

Vendas em feiras de arte, o que mais preocupa grupos como o Art Basel, subiram 6% e atingiram US$ 16,5 bilhões no ano passado. Galerias ainda declaram que 46% de seu faturamento vêm das vendas realizadas nesses eventos.

Galerias, aliás, registraram um aumento de 7% em vendas, chegando a US$ 35,9 bilhões, ou R$ 139 bilhões, de faturamento no ano passado. 

Embora o resultado seja positivo, casas na base da pirâmide, registrando menos de US$ 500 mil em vendas, sofreram uma queda de 10% nas vendas. As que vendem menos de US$ 250 mil sofreram um baque de 18%. O setor menos afetado, com 3% de queda, foi de galerias que vendem entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões em obras a cada ano.

Segundo o estudo, obras com etiqueta de US$ 1 milhão ou mais vêm registrando desempenho cada vez melhor no circuito global, impulsionadas por colecionadores da geração millennial em mercados emergentes, em especial na Ásia, como Cingapura.

Isso se refletiu na seleção de galerias deste no ano nas principais feiras nova-iorquinas, com mais casas e compradores da Ásia marcando presença nos corredores da Armory Show e da Independent.

 
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