Faz parte do figurino de Cauã Reymond, quando ele interpreta Dante em “Ilha de Ferro” —série que a Globo divulga como superprodução porém sem revelar valores— uma peça que vai se repetir na tela muitas e muitas vezes.
É um macacão avermelhado usado como uniforme por funcionários de uma plataforma marítima de extração de petróleo —a tal ilha de ferro, embora esse título qualifique ainda o protagonista, homem durão e de perfil solitário.
Com esse traje encobrindo o porte atlético, Cauã, no início de fevereiro, entrou em um camarim dos Estúdios Globo no Rio de Janeiro, para se juntar a Afonso Poyart, diretor artístico da produção, criada por Max Mallmann e Adriana Lunardi e lançada na Globoplay, plataforma de streaming da emissora —a Globo não divulgou data de estreia na TV aberta.
Reymond e Poyart concederam entrevista à Folha minutos antes da gravação de uma cena da segunda temporada da série, também sem data de estreia. Nela, Dante lidera o resgate de um homem, debaixo de uma tempestade.
O cenário era em área externa, e o dia estava chuvoso, mas não o suficiente. No cenário de tubulações e contêineres articulados a pisos feitos com chapas de metal, havia um ventilador de mais de dois metros de diâmetro e uma mangueira que despejava água para o alto.
O complexo cenográfico exige cuidados: minutos antes, uma estrutura de metal erguida por um guindaste sobre essa estrutura desabara, provocando a gritaria na equipe de contrarregragem. Foi apenas um susto, ninguém se feriu e não houve danos materiais.
Durante a entrevista, Cauã recusou o rótulo de ator de ação, embora reconheça que sua carreira foi pontuada por um tipo de interpretação que exige porte físico. “Sou um ator que tem prazer em trabalhar com minha fisicalidade”, diz, considerando também as cenas sensuais.
“Como pratico luta, tenho facilidade com esse tipo de cena. Mas me preocupo mais se meu personagem faria aquilo [que está prevista na cena]”, reitera. “Gosto quando tem [ações físicas], mas já fui convidado para muito projeto em que isso era o componente principal e não aceitei”, diz.
Na primeira temporada, seu protagonista passa por situações dramáticas que se acumulam a cada capítulo. Enquanto se empenha para se tornar gerente da plataforma, ele descobre que sua mulher (Sophie Charlotte) o trai com seu irmão (Klebber Toledo), que entra em coma após a queda de um helicóptero.
O ator também acumula outros lançamentos que prometem mais de sua “fisicalidade”. Ele interpreta, em “Piedade”, do pernambucano Cláudio Assis, sem data de estreia, personagem que vai ter cenas quentes com o personagem de Matheus Nachtergaele. E ainda protagoniza e produz “Pedro”, sobre dom Pedro 1º, dirigido por Laís Bodanzky, com estreia prevista para 2020.
“O erotismo me interessa. A sensualidade no drama está dentro desse lugar da fisicalidade para mim, mas seria pobre dizer que só isso me interessa. São elementos”, diz. “Me interesso por diretores que trabalham dessa forma, como o Afonso. Ele filma o erótico de um jeito classudo, chique”.
O jornalista viajou a convite da Globo
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