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Filme mostra bem Mussum sambista, mas frustra ao tratar do comediante

Documentário adota versão de talento nato e não responde questões sobre a fase de Os Trapalhões

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Mussum, um Filme do Cacildis

  • Quando Estreia nesta quinta (4)
  • Classificação 10 anos
  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Direção: Susanna Lira

Veja salas e horários de exibição

Logo no início do documentário "Mussum, um Filme do Cacildis", o artista carioca aparece cantando "Tenha Fé, pois Amanhã um Lindo Dia Vai Nascer", de Jorge Ben.

Os Originais do Samba, sexteto do qual ele fazia parte, participavam do "MPB Especial", da TV Cultura, em 1972. Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, exibia uma voz potente e um suingue raro.

Sem ele, também compositor, é muito provável que Os Originais não tivessem se tornado um dos principais grupos de samba dos anos 1960 e 1970. Fizeram bastante sucesso em apresentações ao lado de Jair Rodrigues.

Um dos trunfos do documentário dirigido por Susanna Lira é mostrar o sambista em belas gravações daquela época, cantando, dançando e tocando reco-reco.

Depois do sexteto da música, veio o quarteto da televisão. Ao lembrar os Trapalhões, o filme aborda, entre outros enfoques, o racismo.

Tanto na TV quanto no cinema, os humoristas deram tratamento contraditório à questão racial. Os Trapalhões faziam piadas discriminatórias, mas também usavam esquetes para criticar o preconceito. Num caso e no outro, Mussum estava no centro da cena.

É ótimo que essa ferida esteja em evidência no filme, cuja narração em off é do ator Lázaro Ramos.

No entanto, o documentário não é tão bem-sucedido num tema central, o humor. Aparece apenas uma breve lembrança de que foi Chico Anysio quem aconselhou Mussum a tirar mais proveito do uso divertido que fazia das palavras, incluindo as terminações "is" (cacildis, cevadis).

Também foi Mussum quem popularizou a expressão "mé" como sinônimo de cachaça.

Pouco se fala da gênese do comediante. O filme adota a versão de que era um talento nato e estamos conversados. É evidente que ele era naturalmente divertido, mas parece simplista atribuir o merecido sucesso de Mussum a uma espécie de dom, como algo que prescindisse de dedicação e estudo.

Como ele preparava os personagens? Como criava as caretas? Não há respostas.

Além disso, com exceção de menções ligeiras no trecho inicial, o documentário deixa de lado o Mussum cultuado dos dias de hoje.

Ele morreu em 1994, com apenas 53 anos, mas seu humor vem sendo celebrado em memes, camisetas, cerveja. Em um país desmemoriado com o nosso, esse legado pop chama a atenção e não deveria ser tão pouco explorado, como faz o filme.

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