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Meninas recebem nomes de personagens de 'Game of Thrones'

Em 2017, 2.156 bebês receberam o nome de Arya nos Estados Unidos; Khaleesi fica em segundo

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Valeriya Safronova
Nova York | The New York Times

Quando Katherine Acosta, de Houston, sofreu um aborto espontâneo em 2017 e precisou ficar de repouso, ela começou a assistir a “Game of Thrones” pela primeira vez. Em uma semana já havia concluído sete temporadas. Então ela viu tudo de novo, mais duas vezes.

Por isso, quando engravidou novamente, no mesmo ano, Acosta já sabia exatamente que nome daria à sua filha: Khaleesi, que significa essencialmente “rainha” na linguagem inventada dothraki.

Khaleesi é também um dos muitos títulos de Daenerys Targaryen, uma das personagens principais da série e uma das pessoas que disputam o Trono de Ferro.

“Ela está grávida e perde o bebê, mas depois fica mais forte de novo”, conta Acosta. “Khaleesi passa por cima de todas as dificuldades. Ela sabe o que quer.”

A Khaleesi de Acosta também superou algumas dificuldades. A menina nasceu prematura de dois meses e passou duas semanas na UTI neonatal (onde uma das enfermeiras contou que pretendia dar à sua própria filha o nome de Arya, outra das mulheres protagonistas de “Game of Thrones”).

“Para mim, minha filha foi meu pequeno milagre”, disse Acosta.

Desde que “Game of Thrones” estreou na HBO, em 2011, o nome Khaleesi passou da tela para a vida real. Em 2017, foi o 630º nome mais popular dado a meninas, segundo a Administração da Seguridade Social americana, passando à frente de Brittany ou Britney.

A título de comparação, Hermione e Katniss, os nomes de duas outras personagens altamente benquistas na literatura e no cinema, nunca chegaram a figurar entre os mil nomes mais bem cotados.

O nome Khaleesi também está em alta no Reino Unido, onde alguns pais estão acrescentando toques criativos a ele. Em 2017 a Escócia ganhou uma Khaleesi-Destiny e uma Khaleesi-Grace; no ano passado uma garotinha da Escócia recebeu o nome de Khaleesi-Marie.

Mas o nome mais popular dado a bebês e que é associado a “Game of Thrones” parece ser Arya. Não está claro até que ponto isso está ligado à série, já que variações de Arya já existiam muito antes de o livro ser publicado (na Índia, Indonésia e Irã, por exemplo).

Mas “Arya” só passou a figurar entre os mil nomes mais dados a bebês nos EUA em 2010, e antes desse ano o nome parece ter sido dado principalmente a meninos. Desde 2010, Arya foi ganhando popularidade crescente e chegou ao 135º lugar no ranking, tanto que 2.156 bebês nascidos em 2017 receberam esse nome.

Uma dessas crianças é a filha de Marina Lippincott, fundadora da empresa de Nova Jersey MAKDigitalDesign e fã de “Game of Thrones” desde que a série estreou na televisão. Antes disso ela já havia lido os livros, e antes da estreia de cada nova temporada ela reviu todas as temporadas anteriores. Seu chá de bebê seguiu o tema “Game of Thrones”.

“Algumas pessoas acham que minha obsessão com 'GoT' já foi longe demais”, disse Lippincott, aludindo ao fato de ter chamado sua filha de Arya. “Não estou nem aí. Arya sabe quem é, e é essa pessoa que ela quer ser. Ela vai lá e faz o que quer. Nenhum obstáculo a faz parar, nem mesmo quando ela é pequena.”

Outro nome que anda sendo visto em certidões de nascimento é Daenerys, menos popular que Khaleesi apesar de ser o nome próprio da personagem de "GoT". Em 2017 também nasceram nos Estados Unidos 20 Sansas, 11 Cerseis, 55 Tyrions e 23 Theons. Os donos de pets também estão aderindo à tendência, com cachorros sendo chamados de Jorah Mormont, Asha e Tyrion e gatos recebendo os nomes Lady e Drogo.

Um casal pretende homenagear “Game of Thrones” de maneira menos óbvia e vai batizar sua filha, prevista para nascer em agosto, de Winter. Christina Jettie e seu marido costumam dizer um ao outro: "Winter is coming [o inverno está chegando]”.

“A gente se conheceu no início da primeira temporada”, contou Jettie, engenheira ambiental na Carolina do Sul. “Ele me convidou para assistir a 'GoT' com seus colegas de quarto. Eles eram os únicos que tinham HBO. Ficamos viciados imediatamente. Nossos primeiros encontros aconteceram aos domingos e ficávamos assistindo a ‘Game of Thrones’.”

Na lua de mel os dois foram para a Islândia, onde foram filmadas muitas cenas da série, e fizeram um passeio turístico temático.

Um nome como Winter evita um problema com o qual alguns pais vêm topando: a confusão sobre a ortografia e a pronúncia dos nomes de suas filhas. Kaylee Finney, mãe de uma bebê de quatro meses chamada Arya, assiste a “Game of Thrones” com sua família, igualmente fascinada pela série.

“Assistimos a todas as sete temporadas em quatro dias”, contou Finney. “Já vi as primeiras sete temporadas no mínimo cem vezes. Conheço a série palavra por palavra.”

Mas outras pessoas com quem ela se encontra no Oklahoma, onde ela vive, não conhecem "GoT" igualmente bem.

 “Ninguém sabe de onde tirei o nome de minha filha”, disse Finney. “As pessoas não sabem pronunciar o nome. Chamam minha filha de Ayria (‘Êiria’, em vez de Ária’).”

A pronúncia equivocada é um problema que Jamie Chang também conhece bem devido à sua filha Khaleesi, de 15 meses.

“No consultório do médico, pronunciam o nome dela como ‘Kaléssi’ [o correto seria ‘Kalísi’] ou a chamam pelo sobrenome”, disse Chang.

A grafia do nome também é difícil.

“As pessoas se confundem com o agá”, comentou Chang. “Tem gente que pensa que há dois esses. Outros acham que termina com ípsilon.”

Ela acredita que dentro de uma ou duas décadas, quando sua filha Khaleesi for adolescente, as pessoas de sua idade vão reconhecer o nome, saber qual é sua origem e o que representa: “força”, segundo Chang. “Khaleesi é uma mulher que tem consciência de seu poder e sabe o que ela quer.”

Chang está contente com o nome que escolheu, apesar dos erros de grafia e das reações contrárias de algumas pessoas.

“Houve alguém no Twitter que escreveu ‘que estupidez. Você deu a sua filha um nome que vem de uma língua fictícia’. Pode ser uma palavra fictícia, mas todo o mundo sabe o que significa. Quer dizer rainha. De qualquer jeito, quem vai dizer que nome é ou não é real?”

Tradução de Clara Allain

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