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Cinema

Longa francês é cheio de artimanhas para manipular o espectador

A trama do filme gira em torno de saber quem foi Henri Pick, suposto autor de um livro de sucesso

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O Mistério de Henri Pick

  • Quando Estreia nesta quinta (25)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Fabrice Luchini, Camille Cottin, Alice Isaaz
  • Produção França/Bélgica, 2019
  • Direção Rémi Bezançon

“Na França há mais escritores do que leitores”, diz uma editora em dado momento de “O Mistério de Henri Pick”, de Rémi Bezançon. Ou seja, mesmo num país em que há debates literários aos montes na televisão, os leitores estão cada vez mais em menor número. 

A trama do filme, baseado num best-seller de David Foenkinos, gira em torno de saber quem foi Henri Pick, escritor já morto e por isso incapaz de se defender. Teria mesmo esse simples dono de uma pizzaria na Bretanha, noroeste da França, escrito um excelente livro de sucesso?

Jean-Michel Rouche (Fabrice Luchini) é o crítico literário que fica com essa pulga atrás da orelha. Mas ele a manifesta em hora errada. E com isso perde a mulher e o emprego de apresentador de um desses programas de debate na TV. 

Não lhe resta mais nada a não ser provar seu ponto: que Pick não escreveu o livro tão comemorado pela jovem editora Daphné Despero (Alice Isaaz), que o descobriu numa livraria que abriga manuscritos rejeitados por editoras. 

Jean-Michel vai então à Bretanha atrás de pistas que elucidem o mistério. Reencontra a viúva, que saiu ofendida do programa de debates, e aos poucos desenvolve certa rivalidade com a filha do suposto escritor, Joséphine (Camille Cottin). Cada um quer provar sua verdade, e o espectador se diverte enquanto isso.

Há, em “O Mistério de Henri Pick”, uma certa liberdade no roteiro, cheio de artimanhas para manipular o espectador, escondendo coisas ou as revelando só bem mais tarde.

Há, também, um mistério da atuação. Como pode um ator genial como Fabrice Luchini fazer aquela velha pose de intelectual, que consiste em morder a haste de seus óculos após ter lido o livro semeador de toda a celeuma? De todo modo, o ator está soberbo, exceto por esse instante.

Outro que está ótimo é Bastien Bouillon como Fred Koskas, jovem escritor de um romance fracassado e namorado de Daphné. Sua interpretação vai do tolo ao ardiloso com certa facilidade.

Eis um filme com uma virtude rara em nossos dias. Sabe capturar o espectador e levá-lo até o fim por uma narrativa cheia de reviravoltas. Algumas são tolas. Mas as interessantes felizmente sobressaem. 

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