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Cinema

Filme sobre infância de comediante se beneficia da atuação leve de seu protagonista

'O Menino que Fazia Rir' tem direção de Caroline Link e é estrelado por Julius Weckauf

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O Menino que Fazia Rir

  • Classificação 12 anos
  • Elenco Julius Weckauf, Luise Heyer, Sönke Möhring
  • Produção Alemanha, 2018
  • Direção Caroline Link

Um certo anacronismo não é necessariamente prejudicial para uma obra de arte. Pode ser terrível, mas também pode ser um charme. Tudo depende da maneira como se trabalha a narrativa formalmente.

O recente "Quem Você Pensa que Sou" tinha o indesejável problema de parecer um filme de 1999 com roupagem atual. É o que acontece quando não se atenta para a adequação entre a forma e o conteúdo. Normalmente, nessas situações, recorre-se a um hipotético manual das soluções para diretores sem imaginação.

"O Menino que Fazia Rir", de Caroline Link, é diferente. O longa, baseado em romance autobiográfico do popular comediante alemão Hape Kerkeling, nos remete ao cinema europeu dos anos 1980, algo como um parente aproximado de filmes do tipo "Minha Vida de Cachorro", de Lasse Halstrom.

Felizmente, a diretora adota um tom acertado dentro dessa opção, seja ela intencional ou acidental (como muito que acontece no cinema). Após os primeiros dez minutos, nos quais o filme se assemelha a um trailer esticado, a narrativa finalmente engrena.

Estamos no início dos anos 1970. Hans Peter (Julius Weckauf, numa atuação formidável) é um menino de sete anos com certa tendência artística (que vai se confirmar quanto mais ele cresce, até virar Hape Kerkeling).

Numa reunião familiar, ele percebe que é melhor fazer os outros rirem por seus próprios artifícios do que ser palhaço involuntariamente. Nasce um artista.

Sua vida é aparentemente feliz, e o filme muitas vezes se parece com um feriado prolongado de verão, com a família reunida no campo, apesar do pano de fundo violento daquela época dar as caras de forma indireta. A causa dessa leveza é o ponto de vista da criança, obviamente, que tende a fazer as coisas boas sobrepujarem as más.

Por isso, "O Menino que Fazia Rir" faz jus ao nome. É um filme que corre sem grandes achados visuais, mas também sem sobressaltos, ou seja, sem equívocos aparentes de roteiro, montagem ou direção. A vida e nada mais, costumava-se dizer, tentando uma poética apropriada.

Dentro desse registro, há espaço também para o que a vida nos reserva de desagradável, e um dos méritos do filme é saber mostrar os percalços sem abdicar da leveza geral da representação.

Sobretudo porque Hans Peter tem o dom de fazer rir e de suavizar ambientes. Sua presença tende a deixar o ar mais leve, e também o filme se beneficia de seu dom.

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