Sem 'velhofobia', vocalista do Whitesnake quer continuar cantando sobre sexo

De volta aos palcos, David Coverdale lidera sua banda em festivais em São Paulo e no Rio de Janeiro este mês

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São Paulo

"Minha mulher me proibiu de usar a palavra aposentadoria", diz David Coverdale, o bem-humorado vocalista que já passou pelo Deep Purple nos anos 1970, mas é conhecido pelas mais de quatro décadas à frente do Whitesnake.

Aos 67 anos, ele flerta com a aposentadoria há algum tempo, só que em 2019 não só lançou um disco de inéditas com sua banda como voltou a fazer turnês pelo mundo. Neste mês, o Whitesnake tem shows marcados em festivais no Rio de Janeiro (Rock in Rio) e em São Paulo (Rockfest).

O retorno ao Brasil, país pelo qual se diz apaixonado, vem depois de que uma doença que quase afastou Coverdale dos palcos de vez. Foi no fim de 2016, quando as dores que ele sentia nas pernas ficaram insuportáveis. "Olhei para a minha mulher e disse: 'Não consigo mais fazer isso'."

Coverdale sofria de uma artrite degenerativa —"há mais tempo do que consigo lembrar", ele afirma— e, no primeiro semestre de 2017, foi submetido a cirurgias para implantar próteses de titânio nos dois joelhos.

Naquele ano, inteiramente dedicado ao processo de recuperação, o vocalista compôs 18 músicas para o novo álbum do Whitesnake. "Flesh & Blood", lançado em 2019, destaca a sonoridade característica de hard rock com influência de blues e glam da banda.

Para os shows no Brasil, o vocalista diz ter comprado novos microfones para conseguir captar o coro do que chama de "plateia mais alta do mundo". "É uma conexão muito forte, vai além da performance", derrete-se. "A maneira como o brasileiro faz festa é incrível, apesar de todas as adversidades e desafios."

Coverdale afirma que está se informando diariamente sobre a política brasileira, mas não se sente confortável para falar sobre o assunto. "Sou músico, um entertainer, não tenho que dizer como vocês devem governar seu país", diz. "Mas vocês continuam tendo alma. São um povo que se recusa a ser subjugado."

O Whitesnake volta ao Rock in Rio depois de ter tocado na primeira edição do festival, em 1985. Na ocasião, a banda despontava como expoente do glam metal, vertente roqueira que não economizava no glitter e nas calças apertadas.

Daquele período, baladas como "Is This Love" e "Here I Go Again" —até hoje clássicos das FMs— e hits como "Still of the Night" seguem intocáveis nos setlists do grupo.

O Whitesnake foi a trilha da juventude em uma época forte da MTV americana. Hoje, Coverdale confessa estar completamente por fora do que acontece com o rock.

"Não sei se ainda reflete o espírito dos jovens, mas os temas do rock clássico ainda ressoam nas pessoas", analisa, citando Led Zeppelin e Deep Purple como influências presentes em novas bandas.

Talvez por isso as letras sobre sexo e romance continuam até hoje em sua obra. "Jornalistas me perguntaram como me sentia tendo 67 anos e cantando 'vem cá, baby'", diz. "Pensei: 'Meu Deus, isso é tão velhofóbico'. Quer dizer que quando você chega a uma certa idade precisa parar de transar? Não aconteceu comigo!"

Whitesnake

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