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Premiado em Berlim, argentino filma 'E.T.' latino-americano e queer

'Breve História do Planeta Verde' venceu o Teddy e ganha exibição no 27º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade

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São Paulo
 

Três jovens em uma pequena cidade encontram um alienígena e precisam ajudá-lo a voltar para casa. Parece a trama de “E.T. - O Extraterrestre”, dirigido por Steven Spielberg em 1982, mas na verdade é a sinopse de um dos filmes do 27º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.

“Breve História do Planeta Verde” tem à frente de sua aventura interplanetária três amigos de infância: a transexual Tania, Pedro, que é bissexual, e Daniela. Quando a primeira fica sabendo que a avó morreu, o trio volta para sua terra natal e lá descobre que a anciã passou seus últimos anos cuidando de um ser espacial.

Tão próximos, mas também tão distantes, “Breve História” e “E.T.” têm, de fato, uma conexão, de acordo com seu diretor.

“Há uma piscadela a ‘E.T.’ e ao cinema pop dos anos 1980. É um tipo de filme do qual gosto muito, que tem a ver com meu amor pelo cinema, mas que nada tinha a ver com a minha produção”, diz o argentino Santiago Loza. “Quis conjugar esse cinema de aventura com um mais contemplativo.”

Beirando a bizarrice e com uma forte mensagem de aceitação, o longa saiu do último Festival de Berlim com o Teddy e será exibido no Mix neste domingo (17) e na terça (19).

“A presença extraterrestre funciona como uma metáfora do que é considerado estranho, do não pertencimento, do se sentir diferente. Queria fazer um filme com liberdade, um certo humor e também com melancolia”, afirma.

E, de fato, “Breve História” tem protagonistas com semblantes muitas vezes tristes, que se camuflam na fotografia —muito distante das vibrantes cores do arco-íris— e reagem a cenas de intolerância.

Essa trama é o que Loza chama de “conto de fadas para as crianças do futuro”, que por ora poderia causar ojeriza em muitos pais, apesar da inexistência de erotismo ou violência gráfica. “Estamos num momento de transição na construção de relatos, cada vez mais até que a diversidade esteja naturalizada.”

O diretor teve ajuda brasileira para fazer o longa, que se tornou uma coprodução entre os vizinhos Argentina e Brasil e também Alemanha e Espanha. “O filme foi ‘salvo’ pelo Brasil, porque só conseguimos terminá-lo graças à parceria com Luana Melgaco”, diz, sobre a produtora mineira. “Sempre senti o Brasil como um lugar de amorosidade.”

O país está representado, em “Breve História”, pelo ex-namorado de Tania, um jovem apaixonado e descompromissado que, emulando o que aconteceu com a produção, “salva” o trio protagonista em certo momento.

Em sua sucessão de contratempos, embrulhados pela produção claramente barata, o longa acaba adquirindo uma aura de filme B, em parte proposital, de acordo com Loza.

“Foi intencional e não foi ao mesmo tempo. Por um lado, sempre estive ciente dos recursos que tinha, então o filme tem uma construção artesanal, tudo é à moda antiga. A criatura que vemos é pequena, frágil”, explica. “Dizíamos com certo humor que tínhamos um extraterrestre latino-americano, modesto, mas glamoroso e queer.”

Breve História do Planeta Verde

  • Quando Exibido no Mix Brasil neste domingo (17), às 21h30, no Cinesesc (r. Augusta, 2.075), e na terça (19), às 20h, no Espaço Itaú - Augusta (r. Augusta, 1.475)
  • Preço Grátis
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Romina Escobar, Paula Grinszpan e Luis Soda
  • Produção Argentina/Brasil/Alemanha/Espanha, 2019
  • Direção Santiago Loza
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