Ícone da fotografia de hip-hop expõe retratos famosos em Heliópolis

Um dos responsáveis pela imagem do rap nos anos 1990, Chi Modu volta ao Brasil com o projeto Uncategorized

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São Paulo

Há cerca de cinco anos, Chi Modu não era exatamente um nome muito conhecido. “Pensei que todo mundo conhecia minhas fotos, mas ninguém sabia quem eu era.”

O fotógrafo nigeriano decidiu então espalhar seus retratos de rappers famosos em outdoors por Nova York. Depois, fez uma conta no Instagram. “Não estava procurando trabalho, só queria marcar minha posição.”

homem sem camisa e de bandana fumando cigarro
O rapper americano Tupac Shaku - Chi Modu

O projeto, “Uncategorized”, chega a São Paulo neste fim de semana, com exposição gratuita e um encontro de Modu com crianças em Heliópolis.

“A ideia é levar minha arte diretamente para as pessoas. Pular os diretores de arte.”

O fotógrafo percebeu que o Brasil era o segundo país onde ele tinha mais seguidores no mundo. Mas, das últimas vezes que esteve por aqui, só expôs em áreas ricas da cidade. “Consigo fazer as galerias, mas sou mais o cara da rua.”

Modu é um dos responsáveis pela imagem do rap americano dos anos 1990. Ele clicou gente como Tupac Shakur, Notorious B.I.G., Snoop Dogg para revistas, principalmente a The Source, só de hip-hop.

“Foi quando o rap ganhou caráter global”, diz. “Muita gente ficava esperando as revistas saírem para ver as fotos.”

Os anos 1990, diz Modu, foram “loucos, mas divertidos”. Ele lembra dos encontros com figuras intensas como Tupac e como fazia para convencer os MCs a comprarem suas ideias.

“Na época, o Snoop estava sendo acusado de assassinato”, diz, lembrando uma foto em que o rapper segura um revólver 38. “Eu tinha essas fotos e não divulguei. Você tem que dar proteção a esses personagens. Não dá pra ficar próximo, tirar as fotos e pôr as pessoas em perigo. Só assim você consegue tirar uma foto daquela —porque eles te deixam chegar perto o suficiente.”

Apesar de elogiar o hip-hop atual —o gênero mais ouvido nos Estados Unidos—, Modutem um “conselho gentil” às novas gerações. “Os MCs podem ter subido na vida, mas as pessoas para quem eles rimam estão com a vida tão ruim como as que os pais deles tinham”, diz. “O hip-hop pode ter mudado, mas Heliópolis provavelmente não mudou nada.”

Pela identificação com o Brasil, Modu deve voltar mais vezes. Atualmente, com uma carreira estabelecida, ele está mais preocupado em influenciar novas gerações do que em abrir nova exposição em algum museu da Europa.

“Em Dubai, está rolando uma convenção com todas as grandes marcas de roupa, Nike e Adidas e tudo mais. Ao mesmo tempo, tem o Art Basel em Miami, com todos os compradores de arte. Onde estou? No Brasil, em Heliópolis. Essa é a mensagem que quero passar.”

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  • Quando De sex. (6) a dom. (8)
  • Onde CEU Heliópolis, r. Estrada das Lágrimas, 2385
  • Preço Gratuito
  • Autor Chi Modu

Fab Five Freddy faz palestra sobre ligação com música brasileira

Além de Modu, outro símbolo do hip-hop está em São Paulo neste fim de semana. Neste sábado (6), Fab Five Freddy dá uma palestra na SIM, a Semana Internacional de Música, no CCSP. “Vou contar como consegui fazer tudo isso e da minha conexão com a cultura brasileira.”

VJ do primeiro programa de hip-hop na MTV, o Yo! Raps, Fab Five foi também MC, além de historiador, apresentador e da carreira no grafite. Fab Five também é um interessado na música brasileira. Amigo de MV Bill e Mano Brown, diz sentir saudades de Mr. Catra e lembra de uma reportagem sobre rap brasileiro que ele escreveu para a revista americana Vibe, em 2002.

“Vi imagens na TV, mas não entendi o que era”, ele diz, sobre as cenas de violência contra frequentadores do baile funk DZ7, em Paraisópolis, que deixaram nove mortos em Paraisópolis, após ação da polícia.

Fab Five lembra que idealizou o primeiro filme de hip-hop que se tem notícia, “Wild Style”, de 1983, para mostrar como aqueles jovens “baderneiros” —que grafitavam, dançavam e cantavam nas ruas de Nova York— “eram criativos”.

O mesmo, diz, deveria ser feito com o funk. “Aquelas pessoas não têm muita opção. Botar comida no prato não é fácil. Quando se reúnem na rua, deveriam ser respeitados. É triste que um país rico como este não consiga aproveitar a criatividade das pessoas, em vez de ter uma polícia com atitude de ‘nós contra eles’ com os pobres.”

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