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A mulher criativa sempre existiu, mas a história apagou, diz Laís Bodanzky

Diretora de cinema participou de debate na pré-estreia do filme 'Adoráveis Mulheres'

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São Paulo

Mulheres sempre trabalharam no campo das artes e da cultura, mas a sociedade nunca deu a visibilidade devida, fazendo com que a criação dessas artistas fosse esquecida ou apagada. “A história revelou, mais tarde, que muitas obras publicadas inicialmente com nomes de homens foram, na verdade, criadas por mulheres”, disse a diretora e roteirista de cinema Laís Bodanzky. 

“A mulher criativa sempre existiu, mas a história apagou”, completou a diretora de “Como Nossos Pais” (2017) e “Bicho de Sete Cabeças” (2000).

Bodanzky, que é presidente da Spcine (Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo), participou de um debate após a pré-estreia do filme “Adoráveis Mulheres”, promovida pela Folha e pela Companhia das Letras na quarta-feira (8), no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, em São Paulo.

Segundo a diretora, filmes com protagonistas mulheres são recentes na história do cinema. “Esses filmes apareceram pelo avanço na sociedade, mas também é papel do cinema impulsionar as mulheres para que ocupem lugares de destaque”, disse. 

A diretora contou que certa vez, na noite de estreia de uma peça de teatro que dirigia, se perguntava o que uma diretora deveria vestir para aquela situação. “Faltava a referência para eu me espelhar.” 

“Temos uma carência de imagens da mulher como criadora. Temos muitas construções de homens como criadores, gênios da ciência e artistas, mas a gente se vê pouco e se mostra pouco nessas situações”, concordou Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura da Folha, que foi a mediadora da conversa.

Em “Adoráveis Mulheres”, a diretora americana Greta Gerwig conta a história de quatro irmãs —Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh)— durante a passagem para a vida adulta no período da Guerra Civil dos Estados Unidos, na década de 1860. O filme é baseado no livro “Mulherzinhas” (1868), de Louisa May Alcott.

Jo, Amy e Beth têm perfis mais fortemente voltados para carreiras artísticas (escrita, pintura e música, respectivamente), mas todas as mulheres da família acabam, de uma forma ou de outra, desenvolvendo trabalhos criativos dentro de casa. 

Para Bodanzky, vivemos um momento singular na história de avanço para as mulheres, mas ela se diz preocupada com um possível retrocesso. A atriz Ângela Figueiredo, que participou do debate, afirmou não acreditar que uma perda de espaço das mulheres na sociedade possa acontecer. “Por mais que alguns queiram isso, não deixaremos acontecer. E ainda temos muito mais para conquistar”, disse.

Incluir mais mulheres no audiovisual passa por ações afirmativas, de acordo com Bodanzky. “Falta mulher na frente e atrás das câmeras. Isso não vai mudar espontaneamente. Precisamos ter mais roteiristas mulheres, mais mulheres na posição de escolher. Muitas vezes, um homem não se interessa por histórias como a de ‘Adoráveis Mulheres’ porque não o toca.”

A diretora chamou a atenção para o fato de existirem poucas críticas de cinema. Como iniciativa na área, citou o Elviras, um coletivo que reúne resenhas escritas por mulheres.

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