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Conto sombrio, 'Cursed' mostra o lado feminino da lenda do rei Arthur

Com Katherine Langford, nova série da Netflix é adaptação de quadrinho criado por Frank Miller e Tom Wheeler

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São Paulo

Uma garota com um longo vestido medieval corre de dezenas de soldados impiedosos. Ela entra numa espécie de templo escavado nas pedras e recebe uma espada antiga antes de ver um ente querido ser morto. Poderia ser uma cena de “Game of Thrones”, mas não é.

A garota em questão é Nimue, personagem de Katherine Langford em “Cursed - A Lenda do Lago”, nova série da Netflix que estreia agora.

Parte do universo mágico que engloba a lenda de rei Arthur, a personagem está no centro da adaptação do quadrinho “Cursed”, de Frank Miller e Tom Wheeler, também criadores da série. Nele, descobrimos o que aconteceu antes que a famosa espada Excalibur pousasse nas mãos do monarca britânico.

“Você está falando com um grande, grande fã de ‘Game of Thrones’”, adverte Wheeler depois de uma comparação entre o épico da HBO e a nova trama da Netflix. “Eu amo os livros e eu amo a série, então eu não acho que qualquer coisa a possa substituir. ‘Game of Thrones’ mudou a televisão de muitas formas, então eu tenho muito respeito pelo George R. R. Martin.”

Wheeler admite que não é difícil construir pontes entre a já clássica guerra dos tronos e as dezenas de novas séries de fantasia que têm chegado ao streaming nos últimos tempos. Mas, para ele, elas são muito mais herdeiras do legado de “Game of Thrones” do que reais tentativas de ocupar o lugar deixado pela trama.

“Nós devemos muito a ‘Game of Thrones’ por criar novas possibilidades em termos de narrativas fantásticas na televisão. Eu não consigo imaginar ‘Cursed’ se essa série não tivesse existido. Quer dizer, as pessoas achariam que ‘Cursed’ é grande demais para ser feita, em termos de escala. Então definitivamente ‘Game of Thrones’ abriu portas.”

Wheeler, no entanto, aponta que há diferenças notáveis entre as duas produções, principalmente porque “Cursed” é narrada pelo ponto de vista de Nimue, ao contrário de sua antecessora, que tinha um elenco tão grande que se aproximava de uma espécie de novela medieval.

Mas as influências estão lá –magia, criaturas fantásticas, grandes batalhas, figurinos de época e cenários imponentes, todas costuradas por efeitos especiais refinados que até pouco tempo eram escassos na televisão.

Wheeler explica que não foi fácil fazer a transposição das páginas, em que o limite é a imaginação, para as telas, em que a inventividade é quase sempre limitada por questões orçamentárias —e também práticas, é claro.

“Às vezes eu e o Frank ficávamos bravos com nós mesmos por tornar essa adaptação tão complicada. Mas eu não queria estar visualmente limitado, então foi desafiador. Eu sabia que seria complicado para o nosso time materializar o que nós queríamos. Houve um momento em que eu achei que seria melhor me conter, para evitar dores de cabeça. Mas aí eu desisti e causei dores de cabeça em todos”, brinca Wheeler.

Mesmo com o fascínio visual, no entanto, o autor e criador diz que a alma de “Cursed” está em sua protagonista e no que ela representa. Wheeler sempre foi fã de Frank Miller e, quando os dois se conheceram, começaram a pensar em algo para que trabalhassem juntos.

A conversa entre amigos parecia sempre voltar à lenda do rei Arthur, personagem amado por ambos e que foi parte importante de suas infâncias. Foi aí que decidiram que aquela mitologia deveria ser redescoberta pelas novas gerações, mas por um outro ponto de vista.

“Nós nos perguntávamos por que deveríamos contar aquela história de novo. Mas aí nós lembramos daquela imagem de uma moça no lago, com a mão empunhando uma espada, que é algo muito poderoso e misterioso, até mesmo trágico”, afirma. “Nós nos prendemos nisso, em quem era aquela personagem e por que ela deu a espada a Arthur. E era muito intrigante uma moça, há tantos anos, ter tamanho poder antes do rei Arthur.”

Foi então que surgiu o quadrinho “Cursed”, a partir do desejo de Wheeler de que sua filha, assim como outras milhares de crianças, também pudesse conhecer e crescer ao lado de Arthur, Merlin e Lancelot. Mas ele lembra que, apesar das intenções originais de sua narrativa, a nova série pode ser bem sombria e violenta.

“Eu diria que certamente a adaptação não é para crianças, porque a violência é tratada de forma realista. É como um ‘Jogos Vorazes’ em termos de intensidade. Mas acho que os fãs vão gostar de descobrir esse lado de conto de fadas sombrio."

Cursed - A Lenda do Lago

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