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Dua Lipa, Billie Eilish e até Pabllo Vittar viram desenho para driblar a pandemia

Em meio à Covid-19, animações surgem como uma alternativa no cinema, na TV e na música

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São Paulo

Katy Perry, Dua Lipa, Billie Eilish, The Weeknd, BTS e até Pabllo Vittar. Esses artistas têm outra coisa em comum além da pegada pop de sua discografia —todos aproveitaram a quarentena causada pela Covid-19 para se transformar em personagens de desenho animado.

Essa foi a solução encontrada para divulgar suas últimas músicas, lançadas durante o distanciamento social e sem material para videoclipes gravado antes de os estúdios e as produtoras fecharem as portas.

Em “Hallucinate”, a versão animada de Dua Lipa cheira uma flor e, de repente, está rodeada pelas alucinações fofas e coloridas que dão nome à faixa. Em “My Future”, uma Billie Eilish em 2D aparece deprimida sob a chuva, até que as batidas mais animadas da música a transportam para uma floresta ensolarada.

Quem se superou, no entanto, foi Katy Perry, que criou uma série de clipes para o álbum “Smile” —a maioria deles, em animação, claro. Em “Harleys in Hawaii”, a cantora faz uma homenagem aos desenhos antigos, de traços mais grosseiros e em preto e braco. Já em “Resilient”, ela recorreu ao stop-motion. Na faixa-título “Smile”, ela preferiu simular um videogame.

A animação, por não depender de atores e de vastas equipes técnicas em sets de filmagem, surgiu como alternativa pela facilidade de se adaptar ao momento de quarentena. Para criar as cenas de uma produção do gênero, cada animador fica em seu próprio computador e, mais tarde, todo o material é compilado. Por isso, o home office não causou um grande problema.

Longe das aglomerações, artistas puderam, então, se transformar em avatares para divulgar seus trabalhos. Alguns deles, no entanto, preferiram aproveitar a liberdade criativa dos desenhos para não só recriar cenas de um clipe que nunca aconteceu, mas para experimentar e brincar com o formato.

Os britânicos do McFly, por exemplo, ressurgiram após um longo hiato com “Happiness”, clipe feito a partir de colagens de fotos da banda com desenhos. Já “Sour Candy”, parceria de Lady Gaga com o grupo Blackpink, parece uma trip de ácido cor-de-rosa, que ecoa o clima de balada gay do novo álbum da diva pop.

“A animação é uma saída. Eu acho que sempre houve várias coisas legais nela, enquanto linguagem, porque ela permite ir para o espaço, permite criar universos diferentes. E, agora, faz isso sem você ter que sair de casa. Então foi um recurso bem interessante e uma forma de todos continuarem produzindo nessa pandemia”, diz Anderson Mahanski, do Combo Estúdio, que assina o clipe de “Rajadão”, de Pabllo Vittar.

A drag queen, que lançou um álbum durante o isolamento, recorreu ao estúdio para ilustrar uma das canções para a qual não tinha gravado material em live-action —com gente de carne e osso. Como a própria Pabllo já disse, e Mahanski reitera, a faixa caiu no gosto do público por refletir, com bastante liberdade poética, os tempos de pandemia.

“A previsão do tempo diz que o céu fechou, o poder da vitória vai curar a dor, o temporal agora vai cair em mim”, canta ela nos versos iniciais.

“A equipe da Pabllo tinha todo um planejamento para show e gravação de clipe, mas com a pandemia tudo isso foi por água abaixo. Diante da impossibilidade de fazer uma gravação, eles procuraram a gente porque precisavam de uma forma criativa de fazer o clipe”, diz Mahanski.

O Combo Estúdio também preparava um longa-metragem em parceria com a Netflix, “America: The Motion Picture”, quando a Covid-19 bateu à porta. Ao contrário dos filmes tradicionais, no entanto, toda a produção pôde ser levada para o home office.

“O desafio foi grande. Nós emprestamos equipamentos para quem não tinha em casa e reestruturamos os sistemas de internet de cada um. Todo mundo teve que se adaptar rapidamente, mas depois tudo fluiu muito bem.”

Lá fora, os longas animados também se esquivaram do fechamento de Hollywood. Previsto para estrear no Brasil nos próximos meses, “Bob Esponja: Esponja em Missão” foi finalizado a distância, com cada animador e dublador em sua casa. O mesmo aconteceu com uma adaptação cinematográfica de “Tom e Jerry”, “O Poderoso Chefinho 2” e “Raya e o Último Dragão”. Muita gente achou que o cinema tinha parado, mas um setor inteiro dele continuou a todo vapor.

“Nós temos parcerias com artistas e empresas em todo o mundo, então nós podemos escolher elenco de vozes e equipes de vários lugares”, disse Mireille Soria, presidente da Paramount Animation, de “Bob Esponja”, ao portal Deadline. “Nossos departamentos já estão acostumados a trabalhar remotamente.”

Cena do episódio animado da série "Black-ish"
Cena do episódio animado da série "Black-ish" - Divulgação

Animações mais realistas, que fogem do 2D, também continuaram sendo produzidas. É o caso dos conteúdos que usam a técnica de motion capture, em que um ator veste uma roupa que captura movimentos e, mais tarde, é transformado num personagem de computação gráfica.

“Um dos mercados que conseguiu sobreviver bem nesse momento foi o da animação, que não parou. Eu tenho um equipamento de captura de movimentos em casa, então várias empresas me contrataram nesse período para criar animações para elas”, diz Amir Admoni, diretor do curta animado “Gravidade VR” e especialista na tecnologia.

Além do cinema e da música, a TV foi outro meio a embarcar nessa onda animada. Nos Estados Unidos, as séries “One Day at a Time” e “Black-ish” recentemente lançaram episódios protagonizados por versões desenhadas do elenco.

Ambos falam da questão política nos Estados Unidos e se relacionam diretamente com as eleições presidenciais que em breve acontecerão por lá. Por isso, aguardar o fim da quarentena não era uma opção muito animadora.

Cena do episódio animado da série "One Day at a Time"
Cena do episódio animado da série "One Day at a Time" - Divulgação

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Clipes animados

Pabllo Vittar
Em ‘Rajadão’, a drag queen se transforma em uma heroína com asas

Dua Lipa
‘Hallucinate’ traz uma versão animada da cantora fazendo um show em meio a personagens nonsense

Katy Perry
A cantora lançou uma série de clipes, cada um utilizando uma técnica diferente de animação

Billie Eilish
A cantora passeia por uma floresta animada em ‘My Future’

Lady Gaga
Para ‘Sour Candy’, a cantora criou um vídeo com estética de videogame

McFly
A banda britânica alterna fotos e animações em ‘Happiness'

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