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Cinema

'On The Rocks' reúne Bill Murray e Sofia Coppola em romance cômico leve

Ator desfila seu charme como o pai bon vivant de Rashida Jones, uma escritora que duvida da fidelidade do marido

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On The Rocks

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  • Elenco Bill Murray, Rashida Jones e Marlon Wayans
  • Direção Sofia Coppola

Sofia Coppola provou que era muito mais que a filha de Francis Ford Coppola ao dirigir “Virgens Suicidas”, de 1999, mas em especial em “Encontros e Desencontros”, de 2003, espécie de autobiografia não declarada em que Scarlett Johansson é uma versão dela e Bill Murray, a figura paterna por quem se apaixona —um dos melhores papéis do ator.

Eles se reencontram em “On the Rocks”, “spin-off” de “Encontros”, agora com Rashida Jones como a filha em crise e ele como o pai mesmo. De novo, Murray rouba a cena.

Ele é o galerista bon-vivant que conhece a velha Nova York como ninguém e que é ao mesmo tempo superprotetor e fonte de complexo de abandono da filha, Laura.

Ela não consegue começar a escrever o livro prometido a uma editora e cuida das filhas sem ajuda, e seu marido, Dean, papel de Marlon Wayans, está cada vez mais ausente.

A aventura cômica simples, agradável e divertida serve como uma carta de amor à cidade e uma análise carinhosa da relação de filhas com pais de personalidade forte.

Laura até que se conformava com seu destino, até que uma noite acompanha o marido a um evento de trabalho e nota que uma de suas parceiras, Fiona, papel de Jessica Henwick, com quem ele passa muito tempo, é muito sexy. E então surge o pai dela, Felix, papel de Murray, de surpresa.

Ele é um playboy contumaz que flerta com qualquer mulher que cruze seu caminho.

Laura revela suas suspeitas ao pai, que imediatamente deduz o pior e a arrasta a uma conduta que só espiões caricatos costumam ter, a fim de confirmar a suposta traição.

“Você precisa começar a pensar como um homem”, diz Felix, um machista que tira de contexto estudos científicos para dizer que é da natureza de homens admirar as mulheres e as cobiçar. Fala com naturalidade, sem cogitar que são conceitos ultrapassados que cutucam feridas abertas.

Felix se diverte cada vez mais com a aventura de Nova York, ainda que seja tudo só desculpa para conviver um pouco mais de perto com Laura, que ele adora. A dinâmica da relação é a espinha dorsal do enredo, mas Sofia Coppola faz isso com mão leve, sem grandes doses de culpa.

Bill Murray exibe todo seu charme enquanto vagueia por boates exclusivas e restaurantes caros com Laura. É presença primordial na vida da filha, mas provoca mais conflitos e incertezas do que a sensação de proteção e aconchego.

Ao lado dele, Laura se transforma numa sombra da mulher que é de verdade, sem qualquer força ou coragem para impor suas vontades. Mas esse é um romance cômico, não uma comédia rasgada.
Nele um pai e uma filha passam a se conhecer através de uma lente que revela o que são, em sua essência, tanto o amor quanto a confiança.

“On the Rocks” é um declaração de amor a Nova York, do tipo das dos filmes mais antigos de Woody Allen. Nem tudo dá certo no longa, mas a cidade parece propiciar uma dose extra de esperança.
E essa esperança, assim como o magnetismo de Murray, faz da curta duração do longa —uma hora e 36 minutos— um programa relevante nessa longa quarentena.

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