Descrição de chapéu BBC News Brasil

A obra de arte vendida durante o regime nazista que a França vai devolver a família judia

Uma mulher judia que morava na Áustria foi forçada a vender o quadro 'Rosiers sous les Arbres' depois que os nazistas anexaram o país, em 1938

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BBC News Brasil

A ​França vai devolver um quadro do famoso pintor austríaco Gustav Klimt para os herdeiros de uma família judia que se viu forçada a vender a tela para tentar sobreviver durante o regime nazista, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.

A ministra da Cultura da França, Roselyne Bachelot, disse que restituir a pintura aos seus verdadeiros donos é um reconhecimento dos crimes sofridos por eles. Segundo ela, o quadro é uma testemunha das "vidas destruídas" pelos nazistas.

Mulher branca usa terno preto e máscara de proteção facial enquanto olha quadro que ilustra jardim com rosas
Ministra da Cultura francesa Roselyne Bachelot - Jocard/Pool/Reuters

O governo francês comprou a pintura, a sua única de Klimt, em 1980, sem saber da história por trás da comercialização do quadro.

Antes de a Segunda Guerra Mundial eclodir, a dona de "Roseiras sob as Árvores" era Nora Stiasny, de uma conhecida família judia na Áustria.

Ela herdou o quadro do tio, o empresário austríaco e colecionador de arte Viktor Zuckerkandl, contou a ministra da Cultura da França numa entrevista coletiva no Museu d'Orsay, em Paris.

O triste destino de Stiasny

Para sobreviver financeiramente, Stiasny foi forçada a vender a pintura em agosto de 1938 por um valor muito abaixo do mercado, meses depois de os nazistas anexarem a Áustria à Alemanha.

Em 1942, Stiasny foi deportada para um campo de concentração nazista na Polônia, onde morreu no mesmo ano. A primeira pessoa a comprar o quadro dela foi um negociante de arte que manteve consigo a pintura até morrer, na década de 1960.

A França comprou "Roseiras sob as Árvores" num leilão em 1980 para o Museu d'Orsay.

"Hoje nós sabemos que é uma obra que foi saqueada na Áustria, em agosto de 1938", disse Bachelot aos repórteres. A ministra destacou que a decisão de devolver o quadro foi difícil.

"Significa tirar uma grande obra de arte da nossa coleção nacional que é a única pintura de Gustav Klimt que a França possui", disse.

"Mas essa decisão é necessária, essencial. Oitenta e três anos depois da venda forçada da pintura por Nora Stiasny, essa medida é um ato de justiça."

Quem vai herdar o quadro?

Os beneficiários da decisão da França são os descendentes da irmã de Nora Stiasny.

O governo francês vai ter que aprovar uma lei para permitir que o quadro seja retirado da coleção nacional e entregue a essa família, acrescentou a ministra da Cultura.

Em 2017, uma pintura floral de Gustav Klimt foi vendida por quase £ 48 milhões na casa de leilões Sotheby's, em Londres.


Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Erramos: o texto foi alterado

O nome do colecionador de arte Viktor Zuckerkandl foi grafado incorretamente em versão anterior do texto.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.