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Série sobre o criador de 007 transita entre o real e o efeito dramático

Seria preciso ler uma extensa biografia de Ian Fleming para dimensionar exagero de produção sobre ele

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Fleming: The Man Who Would Be Bond

  • Onde No Starzplay
  • Elenco Dominic Cooper, Lara Pulver, Samuel West
  • Direção Mat Whitecross

Lançada lá fora em 2014, chega agora ao Brasil pela Starzplay a minissérie que conta a história de Ian Fleming, o homem que se tornaria o escritor das novelas de James Bond, o agente secreto 007, com licença para matar.

Nos créditos iniciais de cada um dos quatro capítulos, vemos a seguinte frase de Fleming —“tudo o que escrevo tem um precedente na verdade”. Já no final do último capítulo, vem aquela frase a que estamos acostumados. “Baseado em uma história verdadeira. Alguns nomes, lugares e eventos são fictícios e foram mudados para efeito dramático.”

É entre essas duas afirmações que transita “Fleming: The Man Who Would Be Bond”, ou o homem que seria Bond, em inglês. Será que o que estamos assistindo é um efeito dramático? Ou é real? Seja como for, o título dá a tônica, que é aproximar o máximo possível a vida de Ian Fleming à do agente secreto ficcional.

Começando pelas mulheres. James Bond, como se sabe, é um dos maiores mulherengos do cinema, apesar de o número de mulheres com quem ele se envolve estar diminuindo com o passar das décadas.

Pois Ian Fleming, vivido por Dominic Cooper, é o cara mais bonito de Londres e leva para cama três garotas só no primeiro episódio, quiçá quatro —a última não fica claro.

Atenção, spoilers a partir de agora. O amor de sua vida, a respeito de quem ele terá embates mentais sobre se casar ou não, é Ann Charteris, interpretada por Lara Pulver, uma mulher real. A história desse amor perpassa toda a minissérie, mas Bond, ou melhor, Fleming, não se furta a flertar e transar com outras.

O âmago das aventuras de Bond também está ali. Fleming foi recrutado em 1938 pelo esforço de guerra britânico e trabalhou em projetos secretos e de espionagem até o final da Segunda Guerra. E ele efetivamente foi responsável por sugerir ações, como aquela do cadáver com documentos falsos retratada na série, e criar e comandar unidades de espiões, caso da 30 Assault Unit.

Mas aqui vemos Ian Fleming sendo treinado para invadir casas e matar oponentes e para desligar bombas no último segundo. Quanto há de efeito dramático aí?

E quanto ao momento em que Ian Fleming salva judeus na França ocupada? Ou quando vai de jipe até o front da guerra, invade a Alemanha e recupera documentos a respeito do programa nuclear nazista? No caminho, ainda mata um punhado de soldados inimigos. Efeito dramático.

Há uma camada mais complexa –apesar de ser apresentado como o herói da série, o personagem de Fleming também se mostra irresponsável, playboy, filhinho de mamãe, mentiroso e canalha. É um dos pontos positivos, pois não oferece de bandeja ao telespectador aquilo a que ele já está acostumadíssimo.

Em resumo, seria preciso ler uma extensa biografia de Ian Fleming para saber o tamanho do exagero exibido em “The Man Who Would Be Bond”. Ou apenas relaxar e curtir um programinha de ficção.​

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