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'Meu Amigo Bussunda' é feito sob medida para emocionar os seus fãs

Série documental do Globoplay é lançada exatos 15 anos após a morte do humorista do 'Casseta & Planeta'

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Meu Amigo Bussunda

  • Quando Estreia nesta quinta (17)
  • Onde Globoplay
  • Produção Brasil, 2021
  • Direção Claudio Manoel, Micael Langer e Júlia Besserman

“Você tem um nome a zelar? Pois eu tenho um nome a lazer”, gostava de repetir o humorista Bussunda, mesmo antes do sucesso nacional que alcançou com o programa “Casseta & Planeta Urgente”.

Ele curtia mesmo era não fazer nada, mas seu sucesso o impediu de levar a vida na gaita. Morreu, inclusive, quando estava a trabalho, gravando esquetes na Copa do Mundo da Alemanha. A data, 17 de junho de 2006, faz 15 anos agora, e não passará despercebida.

O Globoplay põe no ar a série inédita “Meu Amigo Bussunda”, feita sob medida para homenagear Cláudio Besserman Vianna —seu nome verdadeiro— e divertir e emocionar seus inúmeros fãs pelo país.

É um documentário em quatro partes, muito fáceis de assistir, pela leveza do assunto, qualidade da edição e duração não maior que 45 minutos por capítulo. Produzido pela Emoções Baratas e pela Kromaki, a série tem direção geral de Cláudio Manoel, amigo, colega e parceiro da quadrilha Casseta. Ele divide com Micael Langer a direção dos três primeiros capítulos.

Mas comecemos pelo final, pois o último episódio chama a atenção. Ali, há a filha de Bussunda, Júlia Besserman, nos dois lados da câmera, assinando o roteiro e a direção, ao lado de Langer.

É de longe o capítulo mais impactante, já que reconstrói o dia anterior à morte de Bussunda, detalhando, por exemplo, que após gravar alguns esquetes, ele se empanturrou de cerveja com eisben ou salsichas, dependendo do entrevistado.

O humorista Claudio Besserman Vianna, o Bussunda, em retrato de 1989
O humorista Claudio Besserman Vianna, o Bussunda, em retrato de 1989 - Divulgação

Ao chegar ao hotel, foi jogar bola com Cláudio Manoel e outros no campinho do hotel. Correu, passou mal e não se recuperou mais. Depois de uma noite sem sossego, morreu na manhã seguinte.

Na segunda parte desse último capítulo, a filha, hoje com 27 anos, vai para a frente das câmeras e começa uma investigação para tentar entender um pouco mais de seu pai. Ela tinha 12 anos em 2006. Assim, entrevista amigos do pai, atores, tios, primos, a própria mãe. E também humoristas da atualidade em busca de um conceito caro para sua geração —o politicamente correto.

Quem se lembra daqueles programas semanais do “Casseta & Planeta” na Globo —ou, se nunca viu, basta assistir aos três outros episódios de "Meu Amigo Bussunda"—, sabe que a absoluta maioria das piadas de Bussunda e sua turma eram sexistas para caceta.

Havia anões fazendo figuração em seus quadros. Montes de modelos de biquíni que não diziam uma sílaba. Muita piada terminava com a ameaça de passar a mão na bunda de alguém. O próprio Hélio de La Peña foi criticado por fazer graça com sua negritude e comenta o assunto na série.

Fábio Porchat traz tranquilidade à filha do artista, e aos fãs, ao sugerir que não há nada mais injusto com o humor do que o analisar descolado de seu tempo. Ele tem razão, e não só a respeito do humor, como sobre qualquer outra coisa também.

Portanto, é possível assistir aos três primeiros episódios e dar gargalhadas com a consciência limpa. E lá vamos nós.

O primeiro capítulo traz a infância, adolescência e o início da carreira de Bussunda. Seu brilho dá mostras desde cedo e ele já se destaca como o cara mais engraçado, inteligente, que tem as melhores tiradas e, mais, um rapaz que encanta a todos, de quem todo mundo quer ficar perto.

Mas ser legal assim não enche barriga e seus pais e irmãos o tentavam pôr nos trilhos. De classe média em Copacabana, ele diria depois que foi “fazer comunicação apenas porque não precisava estudar nada”.

O humorista Claudio Besserman Vianna, o Bussunda, do 'Casseta & Planeta, em 1992
O humorista Claudio Besserman Vianna, o Bussunda, do 'Casseta & Planeta, em 1992 - Divulgação

Seu status de jornalista, no entanto, foi o que o aproximou de Hélio, Beto Silva, Marcelo Madureira e Cláudio Manoel para compôr a Redação do fanzine, e depois revista, Casseta Popular. Na concorrência, havia o jornal Planeta Diário, de Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva.

Em comum, a tiração de sarro geral e irrestrita, politicamente incorreta. As duas gangues foram se encontrar na redação da “TV Pirata”, programa que reformulou totalmente o humor televisivo no final dos anos 1980.

E viraram uma quadrilha só ao criarem um show musical humorístico que foi o bafon da noite carioca em 1988. O projeto virou o LP de sucesso “Preto com um Buraco no Meio”, que trazia entre seus hits o refrão, escrito por Bussunda para sua futura mulher, “mãe é mãe/ paca é paca/ mulher é tudo vaca”.

Em 1992, estrearam o “Casseta & Planeta Urgente” na Globo e estouraram no Brasil inteiro. O programa ficaria no ar por 18 anos consecutivos e a turma ainda faria dois longas-metragens e lançaria 11 livros. Nada mal para quem tinha só um nome a lazer.

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