Descrição de chapéu Obituário João Carlos de Figueiredo Ferraz (1952 - 2021)

Morre João Carlos Figueiredo Ferraz, colecionador de arte contemporânea, aos 69

Ex-dono de usina em Ribeirão Preto, ele fundou museu que leva seu nome e foi presidente da Fundação Bienal de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

João Carlos de Figueiredo Ferraz, um dos mais importantes colecionadores de arte contemporânea do Brasil, morreu nesta segunda-feira (6). Ele tinha 69 anos.

A informação foi divulgada pelo Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, no interior paulista, do qual o colecionador era fundador e presidente. “Esta instituição, fundada em 2011 em Ribeirão Preto para abrigar a Coleção Figueiredo Ferraz de Arte Contemporânea, que hoje tanto representa para a cena cultural e artística de nosso país, não teria sido possível se não fosse o empenho e dedicação apaixonada com que João se lançava na construção de seus ideais”, diz a nota.

Joao Carlos Figueiredo Ferraz, colecionador e fundador do Instituto Figueiredo Ferraz, quando era presidente da Bienal, em 2016
Joao Carlos Figueiredo Ferraz, colecionador e fundador do Instituto Figueiredo Ferraz, quando era presidente da Bienal, em 2016 - Bruno Poletti/Folhapress

Ex-usineiro que saiu de São Paulo para morar em Ribeirão Preto, Figueiredo Ferraz se tornou um dos mais importantes colecionadores de arte contemporânea do Brasil. Economista, ele abriu seu museu, o Instituto Figueiredo Ferraz, ao lado da mulher Dulce, onde expôs suas mais de mil obras.

Seu espectro de quadros, esculturas e instalações contempla o período dos anos 1980 até os dias atuais com nomes como Vik Muniz, Adriana Varejão, Leda Catunda e Tunga, entre outros.

Filho de ex-prefeito de São Paulo, o engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz —que fez os cálculos para o vão livre do Masp—, o colecionador descobriu as artes por meio do padrasto, que mostrou a ele livros com obras de Van Gogh, Manet e Monet. Mas ele depois passou a se interessar mais pela produção de artistas dos anos 1970.

“Surgia um trabalho diferenciado. Via aqueles quadros do pós-Guerra, as obras de [Jackson] Pollock, cheio de pingos. A arte contemporânea é aquela loucura. Eu achava lindo, mas não entendia nada”, ele disse a este jornal num perfil de 2010.

A partir dos anos 1980, dirigiu a usina Jardeste, em Jardinópolis, no interior paulista. Foi quando começou a colecionar as obras, aproveitando as vindas para São Paulo. Se aproximou de artistas como Rodrigo Andrade, Fabio Miguez, Nuno Ramos, Tunga, Jorginho Guinle —de quem comprou sua primeira obra— e Leda Catunda.

Na década seguinte, seu acervo era tão grande que ocupava dois galpões na fazenda da família da mulher. “Um colega disse ‘nunca pensei em ver um negócio desses na casa de um amigo’. Mas aprenderam a gostar”, ele disse em 2010.

João Carlos de Figueiredo Ferraz em sua casa com sua coleção de obras de arte contemporânea, em Ribeirão Preto
João Carlos de Figueiredo Ferraz em sua casa com sua coleção de obras de arte contemporânea, em Ribeirão Preto - Silva Junior/ Folhapress

Figueiredo Ferraz ainda foi presidente da Fundação Bienal de São Paulo entre 2016 e 2018. Também integrou o conselho de instituições importantes como o Museu de Arte de São Paulo, o Masp, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu Brasileiro de Ecologia e Escultura, o MuBE.

No Instagram, a galerista Luisa Strina lamentou a morte do amigo. "É com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento do querido João Carlos de Figueiredo Ferraz. Grande amigo e incentivador da arte, sentiremos sua falta. Descanse em paz."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.