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Artes Cênicas

Musical 'Cinderella' vence limitações da Covid com bons atores

Versão substitui princesa desastrada por protagonista que escolhe deixar seu sapato para trás

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Cinderella

  • Quando De 2/9 a 31/10. Qui. e sex., às 20h30; sáb., às 16h e 20h30; dom., às 16h e 20h
  • Onde Teatro Liberdade, r. Galvão Bueno, 129, Liberdade, região central
  • Preço De R$ 60 a R$ 240
  • Classificação Livre
  • Link: https://www.eventim.com.br/artist/cinderella2021/

Diante do fosso coberto e ouvindo uma base musical gravada, a ausência da orquestra em "Cinderella", em cartaz no teatro Liberdade, em São Paulo, é um choque.

Afinal, são as músicas de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein 2° que sustentam o espetáculo —criado pela dupla histórica da Broadway, curiosamente, para a TV. Com Julie Andrews, foi transmitido em 1957 para mais de 100 milhões de americanos, então a maior audiência alcançada. E está disponível online, grátis.

No teatro, segue em frente, mesmo sem os instrumentistas, porque os atores cantam e muitos deles com arrebatamento e rigor.

Uma mulher vestida de princesa é rodopiada por um homem vestido de príncipe
'Cinderella, O Musical da Broadway', em cartaz no teatro Liberdade - Priscila Prade/Divulgação

São experimentados do gênero musical, a começar de Fabi Bang, celebrizada como a Glinda da montagem brasileira de "Wicked" e que agora faz a personagem-título, e da voz notável de Helga Nemetik, a Fada Madrinha.Toda a linha de protagonistas, na verdade, inclusive André Loddi, o príncipe, além de outros que brilham ocasionalmente, como o tenor Fernando Palazza, Lord Pinkleton.

São eles que afirmam desde logo o mérito desta produção, que vence diversas limitações da pandemia, inclusive a adaptação para um palco com boca de cena menor do que exigiriam os cenários e projeções, as coreografias e até os figurinos.

Também o público precisa ceder em suas exigências, portanto, para que esta tentativa de retorno do teatro musical aconteça.

Esta "Cinderella" não é exatamente aquela de seis décadas atrás, mas a de 2013 em Nova York, com libreto novo que estendeu sua duração e sobretudo alguns diálogos cômicos bem-sucedidos, envolvendo a protagonista e as irmãs, interpretadas por Thuany Parente e Luanna Bichiqui.

Com elas e alguns outros, a apresentação ganha ritmo aos poucos durante o primeiro ato e deslancha no segundo, achando seu lugar, sua forma própria. Muito se deve à firmeza e à empatia de Fabi Bang, secundada por Loddi, em canções marcantes como "Há Menos de Dez Minutos" e na sustentação da trama tão conhecida e gasta.

Embora, novamente, não seja bem aquela de 1957. O libreto original de Hammerstein não tinha, por exemplo, um regente malvado nem discursos sobre democracia e eleições, aliás bastante anacrônicos.

Mais importante, esta "Cinderella" elimina uma falha central, ao menos do ponto de vista do teatro, do desenvolvimento da personagem principal, que era a intervenção do acaso –ela perdia sem querer o sapato de cristal, o que definia a sua trajetória.

Não mais. Seguindo uma sugestão do compositor Stephen Sondheim, maior discípulo e maior crítico de Hammerstein, que fez sua própria versão da história em "Into the Woods", Cinderella é quem decide deixar o sapatinho para o príncipe.

Ela toma o controle de sua vida. Na temporada de oito anos atrás na Broadway, um verso da canção "Em Meu Próprio Cantinho", também cantada por Bang e Loddi, era até usado nos suvenires. "Eu posso ser o que eu quiser ser."

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