Desprezado por Wagner Moura, Frias diz desprezar o diretor que fez 'Marighella'

No Roda Viva, ator baiano se negou a comentar fala de Sérgio Camargo e disse não ter nenhum respeito pelo secretário

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Belo Horizonte

O secretário especial da Cultura, Mario Frias, afirmou desprezar o ator Wagner Moura nas redes sociais, após o diretor de "Marighella" ter se recusado a comentar falas de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares.

Em menos de duas horas, foram sete postagens no Twitter do secretário. "Não sinto nada além de desprezo por esse sujeito patético que bate palma para bandido!", disse Frias, em postagem que trouxe o vídeo de Moura no programa da TV Cultura.

No Roda Viva, Moura foi indagado pela jornalista Chris Maksud sobre o que achava do comentário de Camargo, que chamou "Marighella" de filme racista por ter escalado "um ator preto para um papel de um psicopata comunista".

Moura respondeu que não comentaria a fala de Camargo. "Eu não tenho nenhum respeito por nenhuma declaração que venha de qualquer pessoa que faça parte desse governo. Nem esse cara [Camargo] nem aquele outro da Secretaria da Cultura [Frias]. Eu não vou comentar", disse o ator baiano.

Mais cedo, Frias reagiu a uma reportagem da Folha sobre a participação de Wagner Moura no Roda Viva, que destacou uma fala do diretor sobre o governo Bolsonaro.

"Os acusados de terroristas são os pobres, o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], o Black Lives Matter, e isso sempre me incomodou, mas 600 mil mortos por Covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome, a Amazônia pegando fogo, o ministro da Economia que tem uma conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo", afirmou ao comentar momentos do filme.

"Terrorista é o vagabundo covarde que ele está fazendo filme", postou Frias nas redes sociais. Já Camargo reagiu à matéria postando a frase "relinchos, espasmos e histeria".

Acompanhando sessões de pré-estreia do filme, Moura contou estar entusiasmado com a recepção, sobretudo do público jovem e envolvido com movimentos sociais e também relembrou a dificuldade de captação de recursos e da saga tortuosa de lançamento do Brasil.

Em nota, a O2 Filmes afirmou que os produtores "não conseguiram cumprir a tempo os trâmites exigidos pela Ancine (Agência Nacional do Cinema)". ​

"A gente não pode admitir um governo federal trabalhando para que um filme não aconteça. Até hoje tem gente do governo falando mal, mobilizando sua militância digital para dar nota baixa no IMDb. É uma luta bruta, e isso diz mais sobre o estado das coisas do que sobre o filme. Você não precisa gostar, mas você não pode trabalhar para que o debate cultural seja interditado", disse Moura.

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