Morre bell hooks, um dos maiores nomes do feminismo negro, aos 69

Autora de cerca de 40 livros, americana ficou conhecida por tecer conexões entre raça, gênero e classe

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São Paulo

Morreu nesta quarta a escritora e ativista americana bell hooks, em Berea, no estado de Kentucky, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por sua família ao jornal local Lexington Herald-Leader. Em nota, eles relatam que ela estava doente e cercada de pessoas próximas quando ocorreu o fato.

mulher negra
A escritora e ativista americana bell hooks discursa no campus da Universidade de Wisconsin em Madison, nos EUA - Universidade de Wisconsin/Reprodução

O nome bell hooks é, na verdade, um pseudônimo —a escritora nasceu Gloria Jeans Watkins. Segundo ela, era uma homenagem à sua bisavó, chamada assim. Mas assinado em minúsculas de modo a pôr em evidência a mensagem que queria passar, e não ela mesma.

Escrita muitas vezes em primeira pessoa, a obra de hooks aborda as conexões entre raça, gênero e classe a partir de diversos campos, como cinema, música e política —seus ensaios já examinaram de videoclipes de Madonna à representação negra em melodramas dos anos de ouro de Hollywood.

Sistemas de ensino, história dos Estados Unidos e amor também fazem parte da vasta lista de assuntos que marcaram as obras da escritora, que publicou não só prosa, como também poesia.

A autora cresceu no sul dos Estados Unidos numa época em que a segregação ainda estava em curso no país. Ela se formou em literatura na Universidade Stanford e cursou o mestrado na Universidade de Wisconsin, em Madison, e doutorado na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.

Aos 19 anos, começou a escrever aquele que se tornaria seu primeiro livro, "E Eu Não Sou uma Mulher?: Mulheres Negras e Feminismo". Desde 2004, lecionava na Faculdade de Berea, no estado de Kentucky.

Conhecida como uma das maiores intelectuais do feminismo negro, hooks é autora de dezenas livros, incluindo os sucessos "Anseios: Raça, Gênero e Políticas Culturais", "Ensinando Pensamento Crítico: Sabedoria Prática" e "O Feminismo É para Todo Mundo: Políticas Arrebatadoras".

Em 2014, a escritora fundou o Instituto bell hooks, com o intuito de estimular estudos de pedagogias feministas e críticas, além de documentar a vida e a obra de aclamados intelectuais, críticos culturais, artistas e escritores.

"Oh, meu coração. bell hooks. Que ela descanse. Sua perda é incalculável", disse no Twitter a escritora Roxane Gay, autora de livros como "Má Feminista" e "Mulheres Difíceis"​.

O rapper brasileiro Emicida também comentou a morte da ativista e lamentou sua perda. "bell hooks gigante. Descanse em paz. Obrigado por partilhar sua luz com o mundo", disse o artista.

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