Jade Picon entrou no "BBB 22" com ares de protagonista. Dona de uma autoconfiança rara para seus 20 anos de idade, mas justificada pelos mais de 20 milhões de seguidores que acumula nas redes sociais, a influenciadora e empresária logo se destacou da concorrência.
Bonita feito uma bonequinha de porcelana e com uma voz quase sempre mansa, Jade ainda se deu bem em diversas provas do reality, ostentando uma feliz combinação de sorte e inteligência.
Na quarta semana da competição, conquistou a cobiçada liderança, que confere a seu titular uma série de vantagens –imunidade por uma semana, o poder de indicar alguém diretamente ao paredão, acomodações mais confortáveis e até mesmo uma sessão privê de cinema.
Foi justamente aí que o favoritismo da moça começou a derreter. Jade escolheu o ator Arthur Aguiar para o paredão, com quem até então não tinha nenhum problema. Agora ela tem –Arthur foi o menos votado pelo público na terceira rodada e permaneceu no jogo.
Na semana seguinte, em mais um lance improvável, Jade se tornou líder pela segunda vez consecutiva. E insistiu em indicar Arthur mais uma vez ao paredão, sem perceber que o rapaz tem cada vez mais fãs aqui fora. Ele mais uma vez foi o menos votado pelos espectadores, e agora sua rusga com Jade está se tornando uma guerra aberta.
O pior é que boa parte do público agora torce por Arthur. E Jade, antes a provável vencedora dessa temporada, foi reclassificada como vilã. Ganhou até o apelido de Jade Piton na internet, por supostamente ser traiçoeira feito uma cobra.
Jade não é a única celebridade de sua família. Seu irmão Leo Picon, de 25 anos, também conta com milhões de seguidores na web, e foi fundamental para estabelecer a carreira dela. Agora é ele quem tenta salvar a imagem da irmã. Leo tomou o controle do perfil de Jade no Instagram, e, numa manobra ousada, assumiu o apelido de Jade Piton.
Numa das novas postagens, a garota é comparada a Carminha, da novela "Avenida Brasil", a Cruella, a malvada de "101 Dálmatas" que ganhou seu próprio filme em 2001, e até mesmo a Medusa, a mítica criatura que petrificava seus inimigos apenas com o olhar.
Jade Picon pode não ter poderes sobrenaturais como a górgona das lendas gregas, mas seu comportamento no "BBB 22" pode, sim, ser comparado ao de algumas das vilãs mais icônicas das novelas da Globo.
Sua trajetória no reality lembra a de Flora, personagem de Patrícia Pillar em "A Favorita", que a princípio era apresentada como a mocinha da trama. Só depois de muitos capítulos é que foi revelado que se tratava da vilã.
Proprietária de uma grife de roupas e muito ligada ao universo da moda, Jade também tem pontos em comum com Laura, feita por Claudia Abreu em "Celebridade". Laura se vestia de acordo com as últimas tendências, e a gargantilha que sempre usava no pescoço se tornou um best-seller na vida real.
O sofisticado vocabulário de Jade incorpora diversos termos em inglês e remete a Maria Altiva, a matriarca encarnada por Eva Wilma em "A Indomada", que inventava anglicismos como "oxente, my God".
De Odete Roitman, a ardilosa grã-fina que Beatriz Segall viveu em "Vale Tudo", Jade tem os olhos azuis, a empáfia e o gosto por coisas sofisticadas. Maria de Fátima, personagem de Glória Pires na mesma novela, deu à influenciadora a persistência para alcançar um objetivo.
Tanto Glória Pires quanto Eva Wilma interpretaram Raquel, a "gêmea má" de "Mulheres de Areia", em versões, respectivamente, na Globo e na extinta Tupi. Raquel não hesitava em se passar por Ruth, a "gêmea boa", quando isso era conveniente. Podemos dizer que essas duas personalidades convivem dentro de Jade?
Mas a jovem também gosta de se divertir, como a Nazaré Tedesco de Renata Sorrah em "Senhora do Destino". Outra que curtia uma balada era Carminha, a irresistível vilã feita por Adriana Esteves em "Avenida Brasil".
Carminha foi implacável em sua sede de vingança, assim como Jade parece estar sendo na perseguição a Arthur. Mas, pelo menos, a personagem tinha motivos concretos. A cisma da influenciadora com o ator parece tão vazia quanto a obsessão de Teresa Cristina, de "Fina Estampa". A socialite vivida por Christiane Torloni não tinha razão nenhuma para destruir Pereirão, a protagonista feita por Lília Cabral.
A esperança de Jade Picon é que sua trajetória dentro do "BBB 22" seja semelhante à de Félix, de "Amor à Vida". Na pele de Mateus Solano, o primeiro vilão gay das novelas brasileiras era capaz de jogar no lixo o bebê recém-nascido da irmã. Mas o malvado caiu nas graças do público, e Félix acabou se redimindo, com direito a final feliz. Quem sabe se Jade não irá pelo mesmo caminho?
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