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Televisão

Transmissão do Oscar pelo Globoplay deixou o espectador atordoado

Comentaristas do time de Maria Beltrão não pararam de falar um segundo e cometeram gafes ao vivo

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São Paulo

Antigo trunfo da Globo, a transmissão ao vivo da entrega do Oscar se tornou um abacaxi nos últimos anos. E não só por causa da queda do interesse do público, algo que aconteceu no mundo inteiro.

Durante décadas, a cerimônia acontecia numa segunda-feira. Mas, a pedido da prefeitura de Los Angeles, em 1999 a Academia transferiu a festa para o domingo, para não atrapalhar ainda mais o já complicado trânsito da cidade.

Acontece que o domingo virou um dia quentíssimo para a Globo. Além do Fantástico, um dos carros-chefe de sua programação, a emissora exibe neste dia, nos primeiros meses do ano, a formação do paredão do BBB. O resultado é que a transmissão do Oscar passou a entrar no ar cada vez mais tarde, quando diversas categorias já haviam sido agraciadas. Os cinéfilos mais ricos migraram para a TV a cabo. Aos sem recursos, só restou reclamar.

Neste ano, a emissora mudou de estratégia. Deixou intacta sua grade de domingo, com o Fantástico seguido pelo BBB. E levou o Oscar para a plataforma Globoplay, com o sinal aberto para não assinantes.

Os cinéfilos de raiz (e bilíngues) continuaram na TV paga. Afinal, o canal TNT oferece a cerimônia com o áudio original em inglês. Quem optou pelo Globoplay teve de aguentar a apresentadora Maria Beltrão e os atores Dira Paes, Fábio Porchat e Marcelo Adnet falando sem parar e cometendo algumas gafes.

Não foi um desastre épico como o protagonizado por Glória Pires na cerimônia de 2016. Convidada a dar seus pitacos, a atriz repetia a toda hora que não se sentia capaz de opinar, já que não tinha visto quase nenhum dos filmes indicados. Sua bisonha participação rendeu a ela muitas críticas e uma enxurrada de memes.

Foto mostra Fábio Porchat, Maria Beltrão, Dira Paes e Marcelo Adnet
Fábio Porchat, Maria Beltrão, Dira Paes e Marcelo Adnet comandam a transmissão do Oscar no Globoplay - Paulo Belote/Globo

Neste ano, fizeram falta o jornalista Artur Xexéo, morto no ano passado, e o ator José Wilker, morto em 2014. Ambos eram comentaristas habituais da transmissão, e profundos conhecedores da sétima arte. Dira Paes, que vem sendo convidada todo ano, também entende do assunto, mas não tem a mesma verve.

Verve é o que não falta a Porchat e Adnet, dois dos maiores humoristas da atualidade. Mas eles poderiam ter se esforçado um tiquinho mais. Adnet, por exemplo, trouxe uma informação interessante —a atleta Lucy Harris, retratada no documentário "The Queen of Basketball", morreu em janeiro passado, aos 66 anos. "Isso talvez faça do filme o favorito em sua categoria."

Só que ele não sabia que, àquela altura, o Oscar de melhor curta documental já havia sido entregue –essa foi uma das oito categorias que a Academia decidiu não transmitir ao vivo. E, sim, "The Queen of Basketball" se saiu vencedor.

O mais quente momento da noite, o já histórico tapa de Will Smith em Chris Rock, rendeu um rápido debate entre Fábio Porchat e Eduardo Camargo, que forma com Filipe Oliveira o Diva Depressão –a dupla de humor fazia esporádicas entradas em vídeo.

"Eu acho que [os criadores pretos de conteúdo] sabem como a questão do cabelo para as pessoas pretas é uma coisa que vai além de nós, pessoas brancas", disse Camargo. "Então fica uma situação difícil até mesmo da gente comentar."

"Mas o Chris Rock é preto, a mulher do Will Smith é preta, o Will Smith é preto", interrompeu Porchat. "A questão ali foi de uma piada com uma doença super-indelicada, e realmente é, mas a gente não pode normalizar. A piada foi ruim, a pessoa levantou e deu um tapa na cara."

A discussão é interessante e poderia ter ido mais longe, não fosse a cerimônia ainda estar em andamento.

Quem realmente não parou um minuto de falar foi Maria Beltrão. A apresentadora, famosa pelo tom descontraído que dá ao programa Estúdio I da GloboNews, parecia acometida da síndrome de Rubens Ewald Júnior. O crítico de cinema já morto também não conseguia ficar quieto durante o Oscar, como se o silêncio o incomodasse.

No frigir dos ovos, o Globoplay não fez um mau papel. Mas os futuros comentaristas precisam lembrar uma coisa —quem assiste ao Oscar está mais interessado na premiação do que neles. A cerimônia em si –e seus eventuais percalços— é a verdadeira estrela da noite.

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