Descrição de chapéu Obituário Neal Adams (1941 - 2022)

Morre o quadrinista Neal Adams, que redefiniu o Batman nos anos 1970

Lenda das HQs ajudou a lutar pelos direitos dos artistas e também fez um dos primeiros personagens negros da DC Comics

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São Paulo

O lendário quadrinista Neal Adams, responsável por dar uma vida nova aos gibis do Batman nos anos 1970, morreu na última quinta-feira (28) aos 80 anos. Segundo Marilyn Adams, mulher do artista, em reportagem da Hollywood Reporter, ele estava em Nova York e teve complicações de uma sepse, doença desencadeada por uma inflamação que se espalha pelo organismo diante de uma infecção.

O quadrinista Neal Adams em seu escritório em Nova York - Nicholas Roberts - 14.abr.2008/AFP

Ao lado do roteirista Dennis O'Neill, Adams renovou as histórias do Homem-Morcego da DC Comics com uma boa dose de realismo, agilidade e um tom sombrio que ajudou a separar a imagem consolidada pela série com Adam West nos anos 1960. Da sua época, surgiram vilões como Ra's al Ghul —depois levado às telas em "Batman Begins", de 2005—, Talia al Ghul —que se tornou amante do herói— e o macabro Morcego Humano.

capa de livro
Detalhe de capa de coletânea das histórias de Neal Adams com o Batman - Divulgação

Com isso, antecipou a imagem que ficou marcada do herói, a partir dos anos 1980, com as interpretações de Frank Miller nas HQs e de Tim Burton nas telonas. Não bastasse, as revistas com O'Neill ajudaram a consolidar a mitologia do Coringa, hoje considerado o maior vilão do Batman, que foi resgatado de histórias antigas e passou a ser menos humorístico e mais perverso. Dentre os trabalhos, "A Vingança do Coringa", de 1973, foi definitiva, abrindo o caminho que culminaria em "A Piada Mortal", assinada por Alan Moore, e de basicamente todos os intérpretes do vilão nos cinemas.

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Capa da história 'A Vingança do Coringa', considerada uma das melhores HQs do Batman na fase com Neal Adams e Dennis O'Neil - Divulgação

Além do estranho personagem Deadman, na DC, Adams também criou o primeiro Lanterna Verde negro da história, John Stewart. Na Marvel, também desenhou histórias dos X-Men, Quarteto Fantástico e Jovens Vingadores.

Para além dos heróis das grandes casas americanas de quadrinhos, Adams teve um papel importante ao lutar pelos direitos dos artistas —um assunto complicado que se estendeu por décadas até obterem a devida remuneração e créditos— e acabou criando seu próprio selo, o Continuity Studios. Nomes como o prório Frank Miller e Bill Sienkiewicz foram seus pupilos nessa casa.

Ao lado de outro gigante dos quadrinhos, Stan Lee, chegou a formar a Academy of Comic Book Arts, como uma sindicato para lutar em nome dos roteiristas e desenhistas de HQs. Como a intenção de Lee, afinal, era uma organização mais próxima aos "tapinhas nas costas" da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que entrega as estatuetas do Oscar, os dois se separaram.

Ainda assim, se manteria fiel ao legado de outros grandes nomes da indústria que tinha poucos direitos sobre seus trabalhos. Entre tantas conquistas nessa luta, conseguiu que Jack Kirby —outra lenda, co-criador do Quarteto Fantástico, Thor, X-Men e Hulk— recebesse os originais das HQs (que ficavam sob posse da Marvel) e ainda ajudou a projetar Jerry Siegel e Joe Shuster —os criadores do Super-Homem, ainda na década de 1930— quando eles começavam a cair no ostracismo e enfrentavam dificuldades financeiras.

Neal Adams deixa a mulher, Marilyn, com quem foi casado por mais de 45 anos, cinco filhos —alguns trabalham com quadrinhos atualmente—, seis netos e um bisneto.

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