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'Sweeney Todd' com Rodrigo Lombardi vira opereta sombria e divertida

Andrezza Massei ganha protagonismo cômico no musical, com caracterização por vezes maternal, noutras apaixonada e homicida

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Sweeney Todd - O Cruel Barbeiro da Rua Fleet

  • Quando Sex., às 21h30; sáb., às 16h e às 20h30; e dom., às 18h
  • Onde 033ROOFTOP - av. Juscelino Kubtscheck, 2.041, Teatro Santander, São Paulo
  • Preço De R$ 37,50 (meia) a R$ 220 (inteira)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Rodrigo Lombardi, Andrezza Massei, Mateus Ribeiro
  • Produção Adriana Del Claro
  • Direção Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula.

Numa breve entrevista por telefone, o compositor americano Stephen Sondheim não gostou de uma pergunta que apontava o entretenimento, a leveza de "Sweeney Todd". Ele não via assim. Afinal, trata-se de um assassino serial.

Mas o musical que entrou em cartaz no 033 Rooftop, a primeira produção brasileira de porte, de uma obra sua, desde a morte em novembro, confirma o quanto há nele de diversão e comédia.

É uma criação que parte de suas memórias sobre velhos thrillers. É ostensivamente cinematográfico, lembrando "39 Degraus", filmado por Alfred Hitchcock, principalmente pelo humor.

O próprio Sondheim citava "Concerto Macabro", drama mais sério, sobre um compositor que se descobre homicida. Formalmente, ele tentou reproduzir em "Sweeney Todd" a música intermitente que o fascinava naqueles filmes.

homem branco com figurino preto
O ator Rodrigo Lombardi em imagem de divulgação do musical 'Sweeney Todd - O Cruel Barbeiro da Rua Fleet' - Ale Catan/Divulgação


O resultado é uma "opereta sombria", que a montagem ressalta nas vozes e, em especial, na execução musical, mesmo com a orquestra numericamente limitada. É como uma homenagem a Sondheim, incorporada na codiretora Fernanda Maia.

Ela responde pela direção musical e também pela execução ao vivo, tornando a música a estrela maior da apresentação. Uma homenagem a Sondheim, tratado com atenção singular até na versão de suas letras, por Maia.

Também nos cenários, distribuídos engenhosamente pelo "music hall" no topo da antiga Daslu —que permite pouco público, porém, para a demanda pelo espetáculo, resultando em escassez crônica de ingressos.

Sob a direção geral de Zé Henrique de Paula, as outras duas estrelas são Rodrigo Lombardi, que faz o personagem-título, e Andrezza Massei, que faz Dona Lovett, cúmplice do "Cruel Barbeiro da Rua Fleet", do subtítulo.


Lombardi chamou a atenção no teatro, mais recentemente, ao ser dirigido pelo mesmo Zé Henrique em "Panorama Visto da Ponte", mostrando segurança na trajetória do protagonista, da vulnerabilidade ao desespero.

Desta vez, ao menos numa das primeiras apresentações, o ator parece ter-se intimidado diante da indústria musical --embora ele já tenha feito "Urinal" com a companhia, em substituição.

O "demoníaco" Sweeney Todd está lá, mas ainda contido. Surge aos trancos, sem a explosão assassina que algumas das canções parecem pedir, como "Epifania", quando deixa de matar por vingança para matar por matar.

Massei, que está no gênero desde a retomada dos musicais há duas décadas, com "Les Misérables", agora ganha a boca de cena, com caracterização por vezes maternal, noutras apaixonada e dedicada, sonhadora, cruel, homicida.

Vai saltando de um estado para outro, com facilidade e unidade na atuação. Conduz a apresentação, como esperado, dada a comicidade buscada por Sondheim para suas canções, e confirma o grande acerto na escolha para o papel.

Os dois protagonistas são secundados, por exemplo, pela voz de Caru Truzzi para Johanna, experiência à parte, em quase solos de "rouxinol", e nos quadros finais de Mateus Ribeiro como Tobias Ragg, que se levanta e dá fim àquela loucura.

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