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Após tênis destroçado e bota suja de R$ 10 mil, veja peças de luxo com visual de lixo

Até com saco de lixo como bolsa, itens da espanhola Balenciaga chamam a atenção nas redes sociais pelos preços astronômicos

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São Paulo

Tecido desfiado, borracha danificada, rabiscos, furos, muita sujeira. Não são bem essas as características que o senso comum espera de um tênis novo —nem um comprado no camelô, muito menos de um vendido por US$ 1,8 mil, ou pouco mais de R$ 9.000 na cotação atual. Mas isso tudo, e mais, é o que define os Paris Sneakers, nova peça limitada da grife Balenciaga. Ao menos, na sua propaganda.

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Par de tênis Paris Sneakers destruído da grife Balenciaga - Divulgação

As fotos que têm bombado nas redes sociais, com dois pares caindo aos pedaços, não são exatamente os tênis que serão comercializados. Mas, de fato, essa coleção promete peças com materiais usados. Os menos machucados, aliás, são mais baratos, com modelos saindo por US$ 495 e US$ 625. Já o tal "full destroyed" é o mais cobiçado e caro.

Nisso, a estratégia da marca —comandada pelo estilista georgiano Demna Gvasalia— oficialmente foi de que "os Paris Sneakers são feitos para serem usados durante uma vida inteira".

Não é a primeira vez, porém, que a grife de luxo se aproveita da estética lixo para lucrar e lançar novas tendências para alguns —e protagonizar memes no mundo longe das altas rodas. Na verdade, faz parte de uma estratégia para se manter em alta, mesmo com quem não consome os produtos diretamente, mas que consegue ficar em íntimo contato com as redes sociais e a geração Z.

Em março de 2022, como parte de uma nova coleção, a Balenciaga lançou uma bota digna de qualquer guarda-roupa de operário de construção civil. A bota preta traz detalhes em branco que imitam respingos de tinta. É produzida na Itália com forro de couro, tecido de nylon e solado de borracha. O design do produto traz ainda um bico arredondado e um cano curto.

Mesmo quem não acompanhou a Semana de Moda de Paris deve ter se deparado com o desfile da grife espanhola também em março deste ano. O espetáculo, que simulou uma tempestade de neve, tinha os modelos desfilando com bolsas feitas com sacos pretos, com nós similares aos de lixo.

Em paralelo aos memes, porém, há uma leitura política do desfile-protesto que ecoou o início da Guerra da Ucrânia e a própria experiência de vida de Gvasalia, ele mesmo um ex-refugiado.

Outro item inusitado recente foi o casaco de moletom com uma penca de furos da Balenciaga. Feita com algodão 100% orgânico, a peça, com o logo da grife e um único bolso, saía por £ 950 (cerca de R$ 6.000).

Já os Crocs de salto alto não impressionaram pela destruição, mas pela parceria inusitada entre a grife espanhola e a marca de sandálias para criar um modelo pouco usual —mas que tenta trazer o conforto instaurado pela Covid-19 de novas formas.

As empresas já haviam trabalhado junto em 2017 com a criação de um Crocs com uma plataforma alta —e que saiu na época por US$ 800. Nada mal para a peça que, antes considerada uma das 50 piores invenções do mundo pela revista Time, agora voltou a bombar em modelos reinventados.

Nem só a Balenciaga protagonizou os memes, porém. Um vídeo mostra a influenciadora Maria Luiza Borges mostrando uma bolsa da italiana Bottega Veneta que, para muitos internautas, mais lembrou uma toalha felpuda e embrulhada. E bem cara —chegando por aqui por mais de R$ 24 mil. Ela veio nas cores verde, azul-marinho e rosa.​

Esse tipo de engajamento não se restringe tampouco a peças individuais, mas também figura nos tapetes vermelhos como o do Met Gala. Dentre as mais célebres participações da Balenciaga no evento esteve a vez em que a socialite Kim Kardashian e o próprio Demna Gvasalia se vestiram de preto, cobrindo todo o corpo, até mesmo o rosto.

A socialite Kim Kardashian com look da Balenciaga no Met Gala 2021 - Angela Weiss - 13.set.21/AFP
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