Descrição de chapéu

'Chamas da Vingança' parece ainda mais pobre do que o original de 1984

Com Zac Efron engessado, excesso de diálogo expositivo e qualidade televisiva, não há nem planos elaborados

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Chamas da Vingança

  • Quando EUA, 2022
  • Onde Nos cinemas
  • Elenco Zac Efron, Ryan Kiera Armstrong e Sydney Lemmon
  • Direção Keith Thomas 2º

Desde o sucesso de bilheteria da primeira parte de "It – A Coisa", lançada há cinco anos, os estúdios correram para ressuscitar outras obras do autor Stephen King. De 2017 para cá, entre refilmagens e adaptações inéditas, vimos "Jogo Perigoso", "Cemitério Maldito", "It – Capítulo 2", "Campo do Medo" e "Doutor Sono".

Infelizmente, adaptar um dos autores mais conhecidos dos Estados Unidos, ou mesmo "chupinhar" o seu estilo, como fez a série "Stranger Things", não é garantia de um bom resultado. De toda forma, os produtores seguem apostando na fórmula que contaminou o cinema comercial –atrair os espectadores com o conforto do conhecido e, muitas vezes, batido.

É chegada a vez, portanto, do novo "Chamas da Vingança", filme baseado no romance de ficção científica "A Incendiária", publicado em 1980 e adaptado aos cinemas pela primeira vez em 1984, com uma Drew Barrymore de só nove anos no papel principal, pouco depois de roubar os holofotes em "E.T. – O Extraterrestre".

Nesta reencarnação, Charlie é uma menina de 11 anos, interpretada por Ryan Keira Armstrong. A pequena atriz já participou de grandes produções, como "Viúva Negra" e mesmo "It – Capítulo 2". Seu pai Andy é vivido por Zac Efron, mais conhecido por "High School Musical", e Sydney Lemmon, da série "Fear the Walking Dead", faz o papel da mãe Vicky.

Na universidade, Andy e Vicky receberam uma droga experimental chamada lote seis e acabaram desenvolvendo habilidades paranormais. Ele se tornou capaz de convencer as pessoas com a força da mente, e ela, de mover objetos com o olhar. A experiência deve ter alterado a genética do casal, já que Charlie nasceu com o dom da pirocinese, isto é, a aptidão de gerar fogo.

Se você viu "Os Incríveis 2" ou qualquer "X-Men", deve se lembrar de como é difícil para um jovem herói ou mutante controlar os próprios poderes sem o domínio das emoções. Basta uma pequena provocação para causar um desastre. Assim, é um pouco difícil de entender por que os pais de Charlie matriculariam a menina em uma escola, em vez de dar aulas em casa.

Como qualquer um poderia prever, a menina é espezinhada por um colega e, sem querer, faz um breve show pirotécnico na frente de uma professora, o que atrai a atenção da polícia e do governo –mais especificamente do Departamento de Inteligência Científica, também conhecido como "a oficina". Para evitar a inquirição dos cientistas, a família tem de fugir.

Com roteiro de Scott Teems, responsável pelo abjeto "Halloween Kills: O Terror Continua", não há nada de especial nesta versão cinematográfica do livro de King. Transformar Andy num coach motivacional —a satisfação de seus clientes, afinal, é 100% garantida— é um detalhe curioso, mas as boas mudanças param por aí.

Dirigido por Keith Thomas, do terror judaico "The Vigil", "Chamas da Vingança" parece ainda mais pobre do que o filme de 1984, que já não era grande coisa. Não há planos muito elaborados e, com um excesso de diálogo expositivo, tudo tem uma qualidade televisiva, um aspecto de produção original do canal SyFy —a presença de um Zac Efron engessado só intensifica essa sensação.

Armstrong é competente, considerando que resta a ela a tarefa ingrata de recitar uma terrível frase de efeito em um momento que deveria ser tomado pela fúria, ou de vestir um capuz para indicar que "agora a coisa é séria". Tornar a personagem mais velha também tira um pouco de sua doçura –deveríamos achar a pessoa fofa, em contraste com a sua capacidade de destruição.

Mesmo com o selo da Blumhouse, produtora de franquias bem-sucedidas como "Atividade Paranormal", "Chamas da Vingança" não consegue superar o final apoteótico de seu antecessor.

Tirando a divertida trilha sonora composta em sintetizadores por John Carpenter, Cody Carpenter e Daniel Davies, não há muito o que salvar deste incêndio.

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