Bienal do Livro de São Paulo se cola ao TikTok para dobrar aposta nos jovens

Evento teve autores pop como Elena Armas, cosplays e estandes instagramáveis como o da Rocco, de 'Animais Fantásticos'

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São Paulo

Embora tenha conseguido controlar melhor o tamanho de suas filas de entrada em relação ao sábado, a Bienal do Livro de São Paulo segue lotada no segundo dia do evento, um domingo também ensolarado que dobrou a aposta na literatura pop.

Leitores se reúnem na Bienal do Livro de São Paulo, no Expo Center Norte
Leitores se reúnem na Bienal do Livro de São Paulo, no Expo Center Norte - Adriano Vizoni/Folhapress

À tarde, a arena central recebeu a primeira aparição em feira literária da espanhola Elena Armas, que lançou "Uma Farsa de Amor na Espanha" pela Arqueiro, romance que se disseminou como fogo de palha entre os booktokers, que divulgam livros no TikTok.

Com tradição de atrair multidões com literatura jovem, a Bienal do Livro tem um feliz casamento com a rede social preferida da geração Z, que tem sido aliada de peso para editoras voltadas a esse público. Caminhando pelas tendas, era comum ver estantes com legendas como "bombou no TikTok".

À palestra de Armas se seguiu uma de Brian Zepka, autor que publicou "A Temperatura entre Você e Eu", fantasia young adult sobre uma relação gay, pela editora Buzz —que ergueu em frente à arena um palco com microfone e globo espelhado para que os visitantes fizessem fotos como popstars.

Não foi a única editora a montar algo assim. Na Rocco, dava para posar ao lado de um ator vestido de Newt Scamander, o protagonista da saga "Animais Fantásticos", que teve o roteiro publicado pela casa; mais perto da Panini, havia um rapaz montado como Doutor Estranho sorrindo para as câmeras. Aqui e ali, também dava para ver gente vestida em cosplay digno de Comic Con.

Assim como no sábado, era difícil caminhar pelos corredores sem esbarrar em ninguém ou se ver numa fila indiana involuntária. Quem queria comer num horário razoável tinha de se plantar em filas longas e esperar quase uma hora por um lanche simples. Muita gente recorreu a pipoca, que rapidamente se transformou em sujeira espalhada pelo chão.

Também era preciso cuidado para não tropeçar em grupos sentados no chão por todo o pavilhão ao lado de sacolas cheias de livros —os mais concentrados até conseguiam abrir um e ler.

Procurada, a organização não informou quantos visitantes recebeu neste fim de semana nem quantos ingressos tinham sido vendidos. Mas há pistas de que a lotação é maior do que o normal —a Rocco, por exemplo, vendeu 157% a mais neste sábado e domingo que nos dois primeiros dias da última Bienal presencial.

Obstáculos superados, dava para ouvir conversas ricas como a da escritora moçambicana Paulina Chiziane com Ana Maria Gonçalves, ou Noemi Jaffe discutir com a portuguesa Dulce Maria Cardoso o que separa história de ficção.

Cardoso argumentou que a escrita de ficção se volta ao futuro, enquanto aquilo que se prende em fatos reais se volta ao passado. "A literatura não fala sobre algo, como o jornalismo ou os livros de história, mas faz com que a realidade fale", disse Jaffe.

A Bienal do Livro continua até o próximo domingo com figuras como Xuxa, Lázaro Ramos e Matilde Campilho.

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