Descrição de chapéu Obituário Wolfgang Petersen (1941 - 2022)

Morre Wolfgang Petersen, diretor de 'A História sem Fim' e 'Troia', aos 81 anos

Cineasta alemão ficou conhecido pelos longas de ação, como 'Mar em Fúria' e 'Força Aérea Um'

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São Paulo

O cineasta alemão Wolfgang Petersen, diretor de filmes como "A História sem Fim", "Mar em Fúria", "Troia" e "Força Aérea Um", morreu aos 81 anos na última sexta-feira (12), segundo o portal americano Deadline. Ele estava em sua casa em Brentwood, na Califórnia, e tratava um câncer no pâncreas.

Nascido em março de 1941, Petersen começou a carreira na Alemanha, dirigindo curtas e filmes para a televisão, nas décadas de 1960 e 1970. Seus primeiros trabalhos ficaram restritos ao público alemão, e muitos nem chegaram a ser lançados no Brasil ou nos Estados Unidos.

O diretor alemão Wolfgang Petersen e o ator americano Harrison Ford no Fesitval de Veneza de 1997
O diretor alemão Wolfgang Petersen e o ator americano Harrison Ford no Fesitval de Veneza de 1997 - Reuter

Em 1977, lançou o que pode ser considerado um dos primeiros grandes filmes a falar abertamente sobre a homossexualidade, "A Consequência". Na trama, o filho de um guarda penitenciário se apaixona por um detento mais velho. Quando ele termina de cumprir sua pena, ambos tentam construir um relacionamento. O filme foi tão controverso para a época que chegou a ser boicotado por redes de televisão da Alemanha.

A virada na carreira aconteceu no longa seguinte, "O Barco: Inferno no Mar", ou "Das Boot" no original, de 1981, que chamou a atenção de Hollywood após conquistar seis indicações ao Oscar —algo raro para produções estrangeiras.

O longa, que retrata a claustrofobia abaixo do mar ao mostrar a rotina num submarino alemão durante a Segunda Guerra Mundial, foi indicado em direção e roteiro adaptado, para Petersen, e também em fotografia, som, montagem e efeitos especiais.

A partir daí, Petersen fez a transição do pequeno cinema alemão para o blockbuster americano, dirigindo na sequência "A História sem Fim". O longa pode não ser o título mais conceituado ou premiado de seu currículo, mas, lançado em 1984, já resistiu ao teste do tempo, como um dos filmes infantojuvenis mais lembrados e queridos do cinema americano.

Puxado pelo encantamento que o cachorro-dragão Falkor causava nas crianças da época, o longa é hoje um clássico oitentista, revivido na terceira temporada da série "Stranger Things" numa cena em que dois personagens entoam sua famoso música-tema —isso muito antes, e talvez de forma ainda mais importante para a trama, do que foi feito recentemente com "Running Up That Hill", de Kate Bush.

Prova de que "História Sem Fim" se tornou um clássico, com sua história atemporal centrada num garoto que mergulha num livro de histórias fantásticas. É um crédito que destoa do resto da filmografia do alemão, mais preocupada com filmes pesados e de ação, mas apesar de voltado aos pequenos, tinha um clima sombrio que fugia dos contos de fadas bonitinhos da Disney.​

O ator americano Brad Pitt e o diretor alemão Wolfgang Petersen posam para fotos na pré-estréia do filme 'Tróia' em Berlim, na Alemanha, em 2004
O ator americano Brad Pitt e o diretor alemão Wolfgang Petersen posando para fotos na pré-estréia do filme 'Tróia' em Berlim, na Alemanha, em 2004 - Reuters

Na sequência vieram episódios da minissérie bélica "SU-Boots: Submersos Em Guerras" e os filmes "Inimigo Meu", de 1985, "Busca Mortal", de 1991, "Na Linha de Fogo", de 1993, e "Epidemia", de 1995. Em 1997, veio outro grande sucesso, "Força Aérea Um".

O filme reuniu Harrison Ford, Glenn Close e Gary Oldman numa trama indicada a duas estatuetas do Oscar sobre o avião presidencial americano. O veículo, no entanto, é sequestrado por terroristas que exigem a libertação de um prisioneiro.

Já um tanto distante do cinema, lançou com amplos intervalos os longas "Mar em Fúria", de 2000, "Troia", de 2004, "Poseidon", de 2006, e "Quatro Contra o Banco", de 2016, um retorno às suas raízes alemãs. O penúltimo, um grande orçamento para um desastre em alto-mar, foi mal nas bilheterias, o que pode ter contribuído para o afastamento de Petersen da cadeira de diretor por uma década.

Petersen deixa a mulher, Maria Antoinette, com quem foi casado por 50 anos.

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