Descrição de chapéu Rock in Rio

Living Colour no Rock in Rio dedica show a Marielle Franco e ataca Bolsonaro

Em apresentação politizada, Corey Glover alfinetou o fascismo e exaltou a democracia e as eleições

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Rio de Janeiro

O Living Colour fez um dos shows mais politizados —e diferentes— do dia no palco Sunset, durante o primeiro dia do Rock in Rio deste ano. O grupo, que tocou depois das 18h, dedicou o show a Marielle Franco, indicou críticas ao presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, e pediu ao público para não deixar de ir às urnas.

A apresentação começou com duas das músicas mais conhecidas da banda, "Middle Man" e "Desperate People". Foi quando o vocalista Corey Glover dedicou a apresentação à vereadora brasileira, assassinada em 2018, e ao seu motorista Anderson Gomes, também morto.

Corey Glover em show da banda Living Colour, no palco Sunset, durante o primeiro dia do primeiro final de semana do festival Rock in Rio, no Parque Olímpido, na zona oeste do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Num dia dedicado ao heavy metal, das camisetas pretas e pouco suingue, a banda americana veterana mostrou um rock que é, ao mesmo tempo, pesado e dançante. Até no jeito de se vestir eles destoaram das outras atrações. Glover estava inteiro de branco, com as tranças vermelhas, enquanto o guitarrista Vernon Reid trajava uma vestimenta no estilo caubói.

Mas a originalidade do grupo se provou mesmo no som. Com um hard rock que bebe tanto da fonte do heavy metal quanto do funk americano, eles fizeram o público numeroso dançar e bater palmas mesmo com um setlist que deixou de fora alguns de seus maiores sucessos, como "Glamour Boys" e "Love Rears Its Ugly Head".

Depois de "Type" e "Time's Up", Glover mandou o fascismo às favas, e o público respondeu com xingamentos a Bolsonaro, que se repetiram em outros momentos do show. Ele também estendeu um cartaz com as palavras "democracia" e "vote", verbo que repetiu algumas vezes em momentos diferentes.

O renomado guitarrista Steve Vai se juntou ao Living Colour para covers de Led Zeppelin ("Rock and Roll") e Jimi Hendrix ("Crosstown Traffic"), além de faixas dele próprio. O ápice foi em "Cult of Personality", com Vai e Reid trocando solos.

Mais cedo, no mesmo palco, o Metal Allegiance fez um show tecnicamente virtuoso, mas que teve uma recepção morna da plateia. Em diversos momentos, o público parecia mais distraído acenando para as câmeras, apontando o dedo do meio ou fazendo o símbolo do rock com as mãos, do que dançante.

Isso aconteceu a despeito das credenciais do Metal Allegiance, um supergrupo formado liderado por Mikey Portonoy, um dos bateristas mais celebrados do heavy metal. Ele, aliás, atraiu para o show diversos fãs do Dream Theater, banda onde fez sua carreira e também escalada para o primeiro dia deste Rock in Rio.

A banda Metal Allegiance no Rock in Rio 2022 - Divulgação

Após uma primeira parte de canções autorais, a apresentação decolou quando eles puxaram covers das ex-bandas dos vocalistas Chuck Billy, o Testament, e John Bush, o Anthrax —grupos ícones do estilo thrash metal. Antes de cantar "Room for One More" e "Only", do Anthrax, Bush saudou o público lembrando de quando tocou com sua ex-banda em São Paulo, em 1983. Eles ainda tocaram "Into the Pit" e "Alone in the Dark", ambas do Testament, antes de deixar o palco.

Quem fechou o palco Sunset no primeiro dia do Rock in Rio foi o Bullet For My Valentine, que faz o som mais contemporâneo do dia dedicado ao heavy metal. A plateia para o grupo, que despontou para o sucesso há cerca de 15 anos, foi grande, apesar da concorrência com o Iron Maiden, que se preparava para subir no palco Mundo minutos depois.

Autores de um heavy metal gótico, com riffs agressivos e vocais melodiosos que dialogam com o emo e o hardcore, o Bullet for My Valentine gerou diversas rodas de bate-cabeça. Em "Waking the Demon", o público cantou junto a plenos pulmões, enquanto em "4 Words (To Choke Upon)" pulou sem parar.

O momento mais emotivo do show se deu em "All These Things I Hate", uma espécie de balada romântica confessional que não abandona o peso das guitarras. A banda não tocava a faixa de 2005 há um bom tempo, conforme avisou o vocalista Matt Tuck.

O show terminou com "Scream Aim Fire", que o grupo tocou com labaredas de fogo tomando conta do palco e agitando o restante da plateia.

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