Ativistas jogam sopa de tomate em quadro de Van Gogh no Reino Unido

Jovens ainda grudaram as mãos na parede da National Gallery em protesto contra as operações de combustível fóssil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Duas ativistas do grupo Just Stop Oil jogaram um pacote de sopa de tomate em "Girassóis", um dos principais quadros do pintor holandês Vincent Van Gogh, como meio de chamar atenção e pressionar o governo do Reino Unido a decretar o fim do uso de combustíveis fósseis.

Ativistas da organização britânica Just Stop Oil jogaram sopa de tomate nos Girassóis (1888) de Vincent Van Gogh na National Gallery de Londres
Ativistas jogaram sopa de tomate nos 'Girassóis', de Van Gogh na National Gallery de Londres - @damiengayle no Twitter

Nas imagens que circulam nas redes sociais e divulgadas também pelo grupo, duas jovens jogam a sopa no quadro e imediatamente passam cola nas mãos e se grudam na parede da National Gallery, em Londres, onde o quadro é exposto desde 1889. "Vocês estão mais preocupados com a proteção de uma pintura do que com o planeta e com a vida das pessoas", disse uma das ativistas após questionar se a arte valeria mais que a vida.

Protegida por uma película de vidro, a pintura não sofreu danos, de acordo com o museu, e já voltou a ser exposta. Considerada uma das principais obras de Van Gogh, e avaliada em £ 84,2 milhões, ou R$ 506 milhões, "Vaso com Quinze Girassóis" foi pintada em 1888 e faz parte de uma coleção de sete telas com retratos de girassóis. Destas, cinco estão expostas em galerias em países como Reino Unido, Holanda, Estados Unidos e Japão.

Ativistas da organização britânica Just Stop Oil jogaram sopa de tomate nos Girassóis (1888) de Vincent Van Gogh na National Gallery de Londres
Ativistas jogaram sopa nos Girassóis de Van Gogh na National Gallery de Londres - @damiengayle no Twitter

Datado também de 1888, o quadro "Vaso com Cinco Girassóis" foi destruído num incêndio durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, enquanto "Vaso com Três girassóis" faz parte de uma coleção particular nos Estados Unidos.

Essa não é a primeira ação do grupo, que busca por meio de um financiamento coletivo levantar o total de de £ 50 mil libras, cerca de R$ 290 mil, para auxiliar nas causas e lidar com demandas legais. Em julho, dois ativistas se colaram ao quadro "A Carroça de Feno", do inglês John Constable, também na National Gallery, e a uma réplica de "A Santa Ceia", de Da Vinci, na Royal Academy, em Londres. Abaixo do quadro, o grupo pichou a frase "No New Oil", ou sem óleo novo.

No caso da obra de Constable, o grupo cobriu a pintura com o que seria uma versão atualizada, mostrando o mesmo ângulo da pintura original só que trocando o cenário pelo que chamaram de "visão apocalíptica do futuro", com o campo destruído. Pinturas de nomes como William Turner, considerado o precursor do movimento modernista inglês, e do escocês Horatio McCulloch também receberam ataques, quando ativistas colaram as mãos na obra em protesto contra as mudanças climáticas.

Ativistas ambientais ao redor da Europa têm feito de obras de arte os principais focos de seus protestos. Na Itália, integrantes do grupo Ultima Generazione colaram as mãos no vidro que protege "A Primavera", tela de Sandro Botticelli, na Galleria degli Uffizi, em Florença.

Já em Paris, um homem em uma cadeira de rodas jogou uma torta de creme branco na "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci no Museu do Louvre. A pintura não sofreu danos porque também é protegida por uma tela de vidro resistente.

De acordo com o portal Daily Mail, organizações como Just Stop Oil são mantidas por três milionários americanos, que viram suas casas ameaçadas por incêndios em Malibu, no estado da Califórnia, e, desde então, injetam dinheiro para pagar salários e realizar atos de protesto ao redor do mundo. Aileen Getty, Rebecca Rockefeller Lambert e Peter Gill Cas são herdeiros de algumas da principais empresas de óleo do mundo.

Em entrevista ao New York Times, Getty teria não só assumido enviar dinheiro às organizações, como minimizado as ações de desobediência civil, que ela garantiu serem menos danosas que os problemas climáticos causados pelo uso de combustível fóssil.

Em 2021, o governo do então primeiro-ministro britânico Boris Johnson declarou a meta de em 2035 já ter reduzido o uso de óleo fóssil no Reino Unido e que toda a eletricidade viria de matrizes limpas de energia. À época, especialistas e ativistas enxergaram a proposta com ceticismo. Recém-empossada, a nova primeira-ministra Liz Truss ainda não se posicionou com seu governo sobre o assunto.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.