Kondzilla quer ir além de 'Sintonia' para levar funk e periferia a filmes e séries

Konrad Dantas, fundador da produtora, participa do Festival do Rio e prepara calendário de lançamentos no streaming

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Rio de Janeiro

Depois de levar o universo do funk e das favelas para a Netflix com a série "Sintonia", Konrad Dantas, conhecido como Kondzilla, quer mais. A produtora que leva seu nome artístico, que se firmou como o maior canal do YouTube no Brasil, começa agora uma expansão para assumir, de forma independente, a produção de novos filmes e séries.

Em mais um passo para aproximar a Kondzilla do mercado audiovisual, ela participa nesta semana do Festival do Rio, um dos principais eventos cinematográficos do país. Nesta terça-feira (11), Dantas e a produtora de conteúdo Rafaella Giannini promoveram um bate-papo em que falaram dos planos futuros e, antes, já haviam protagonizado uma rodada de negócios com executivos do setor.

Retrato de Konrad Dantas, o Kondzilla - Danilo Verpa/Folhapress

"Não é que a gente vai se dedicar mais a isso agora, a gente vai se dedicar também. Hoje a Kondzilla tem diferentes times para diferentes formatos, de vídeos curtos a documentários e ficção", diz Dantas. "A gente entrou nessa área como coprodutor, mas nessa nova fase queremos fazer a produção toda. Queremos mais autonomia e equilíbrio entre criação e produção, o artístico e o operacional."

Fundada em 2011 para produzir e, posteriormente, distribuir videoclipes de funk, a Kondzilla ajudou a expandir o público do gênero dentro e fora do país. Impulsionou a carreira de nomes como Kevinho e MC Fioti e hoje tem 66 milhões de inscritos em seu canal no YouTube.

Há três anos veio "Sintonia", série de ficção criada e dirigida por Dantas para a Netflix, que hoje está em sua terceira temporada apresentando o universo cultural e o dia a dia numa favela de São Paulo.

Na sequência, vieram projetos de coprodução, como "Funkbol", série documental lançada nesta semana no Paramount+ e que entrelaça a trajetória de alguns dos principais nomes do futebol do país com os de expoentes do funk, de Gabigol a Livinho.

Ainda em outubro será lançada "The Beat Diáspora", no YouTube, que mostra como a diáspora africana influenciou a música criada no hemisfério sul do planeta, e no início do ano que vem, o filme "Escola da Quebrada", também pelo Paramount+, que acompanha um estudante de escola pública da zona leste de São Paulo em sua tentativa de ser popular.

Para turbinar a entrada no mercado como uma produtora solo e facilitar as negociações com as várias plataformas disponíveis hoje no país, Dantas chamou Giannini para trabalhar na Kondzilla. Ex-produtora da HBO na América Latina, ela chegou há poucos meses para gerenciar o novo braço de filmes e séries.

"A gente leva a cultura do funk e da periferia para as pessoas há 12 anos, a diferença agora é que podemos estar em novos lugares, como o próprio Festival do Rio, em outras janelas. Estamos expandindo o nosso olhar e ocupando mais espaços", explica Dantas, que desde cedo queria justamente trabalhar com cinema.

"A gente era um monte de moleque favelado que sonhava em ser cineasta e aí tivemos a oportunidade de mostrar nosso talento por meio de histórias narradas em músicas de três minutos", lembra ele dos primórdios da Kondzilla.

Para ajudar na nova empreitada e percebendo que, em meio à avalanche de plataformas hoje no Brasil, havia um déficit de mão de obra especializada, Dantas ainda inaugurou recentemente o Instituto Kondzilla. Voltada para jovens das favelas e periferias, a organização sem fins lucrativos promove cursos de capacitação para técnicos de audiovisual.

É também uma oportunidade para descobrir novos talentos. Dantas conta que agora, na jornada como produtor solo, ele tem a oportunidade de encontrar e impulsionar ideias que não são suas, diferentemente de "Sintonia".

"Como produtor, eu agora posso trabalhar ideias iniciais que não são minhas. Eu posso produzir as ideias dos meus amigos e parceiros."

O repórter viajou a convite do Festival do Rio

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