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Segundo dia da SPFW tem desfiles movidos a carros e mulheres comportadas

Misci trouxe coleção inspirada no universo automobilístico, e grifes da Sarti levaram roupas práticas e bem executadas

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São Paulo

Trabalhando com brancos, azuis e marrons, Airon Martin trouxe sua versão brasileira para o vestuário de luxo no desfile da Misci, que abriu o segunda dia de São Paulo Fashion Week, nesta quinta.

Intitulada "Jerimum", a coleção da marca é baseada no universo automobilístico, uma paixão antiga do designer mato-grossense. Isso apareceu claramente em brincos gigantes no formato de volante e na bolsa de couro em forma de galão de gasolina, um acessório a meio caminho entre a crítica ao preço da gasolina no Brasil e o simples deboche.

Modelo em desfile da grife Misci, no segundo dia de SPFW
Modelo em desfile da grife Misci, no segundo dia de SPFW - Marcelo Soubhia/@agfotosite

Uma das peças que mais chamou a atenção foi uma calça bicolor, com a parte superior marrom, branca das coxas para baixo. Ela fazia par com mules brancos ou marrons com acabamento brilhoso.

A plateia na Sala São Paulo estava em silêncio absoluto, sem se desconcentrar com as estrelas chamadas para desfilar —a atriz Giovanna Ewbank e o influenciador João Guilherme, filho do cantor Leonardo. Talvez porque as roupas brilhassem mais do que os famosos, com seu design único aliado a alto potencial de uso.

No segundo desfile do dia, embora as peças fossem bonitas, nada era muito palpitante. Lilly Sarti mostrou na passarela do shopping Iguatemi sua definição de desejo: vestidos areia, vermelho e azul —alguns dos quais transparentes—, blusas e saias de renda e um quimono brilhante de seda.

Do ponto de vista formal, os cortes são precisos e as peças, bem executadas. Mas moda é também mensagem, e as roupas da marca parecem pensadas para vestir mulheres comportadas.

Outra grife do grupo Sarti, a Relow mostrou na mesma passarela um street wear fácil de vestir e conectado com os fundamentos do estilo. Casacos esportivos em laranja e roxo, moletons com capuz, bonés gráficos e cintos tipo fita bem compridos, como os popularizados por Off-White e Heron Preston, duas das principais marcas jovens de hoje.

Desfile da grife DePedro durante a 54ª Edição da São Paulo Fashion Week - Rodrigo Moraes/TheNews2/Agência O Globo

A mensagem era reforçada pelos tênis —boa parte dos modelos calçava Air Force 1 branco, um clássico da moda de rua.

Se esta parte está bem resolvida, o excesso de referências tira um pouco o foco da Relow. Havia também calças xadrez, um aceno ao grunge do início dos anos 1990, e peças com estampa de oncinha que, embora divertidas, não compunham com nada.

No desfile seguinte, já no galpão na Moóca onde acontece parte da semana de moda, a marca potiguar DePedro trouxe carga política a uma temporada que até agora parece um tanto alheia ao que acontece no país.

O primeiro modelo entrou vestido de vermelho dos pés à cabeça usando um boné com a estampa da palavra "nordeste". A cor do Partido dos Trabalhadores, o PT, e a região do país que frequentemente a ele é associada, dominaram boa parte das criações do estilista Marcus Figueirêdo.

Na mesma cor vieram camisas e camisetas de crochê, calças com franjas por toda a extensão das pernas, bermudas de alfaiataria e um acessório que fez todos da plateia tirarem os celulares do bolso —uma bolsa com o formato da região Nordeste, em versões grande e pequena.

A marca desfilou 40 looks, todos masculinos, ressaltando o feito à mão típico da região de nascença do estilista, o Seridó, no sertão nordestino. Outra peça a ganhar destaque foram as sungas de crochê, que apareceram em várias cores, do laranja neon ao azul sóbrio, com fios pendurados nas laterais com terminações de pequenos pompons.

À noite, a Another Place transformou a sala de desfiles em uma balada. Ao som de música eletrônica alta, os modelos desfilaram looks agressivos, que ficariam bem de madrugada em festas de techno nos galpões do Brás. A marca estreou peças em couro —material até então inédito em seu vocabulário—, com destaque para calças azuis e roxas com acabamento brilhante.

Os tradicionais recortes das peças da grife apareceram em tops, e o jeans vem preto e puído em jaquetas bomber, calças e minissaias. Também chamaram a atenção um cinto com o logo da marca em strass e um corsete masculino na cor preta, bem lascivo. A maioria dos modelos tinha o rosto repleto de piercings, o que enfatizava o clima de confronto.

João Pimenta fechou o segundo dia com um desfile que é como se os personagens de uma pintura de Caravaggio ganhassem vida. Mangas bufantes e volumes imensos, saias de aspecto envelhecido estampadas com flores, blusas amplas abertas nas costas —as peças se moviam em camadas conforme os modelos andavam. Tudo tinha um ar barroco.

A São Paulo Fashion Week vai até domingo (20) marcando o retorno do evento ao formato quase todo presencial, depois de edições mais enxutas devido à pandemia. São ao todo 48 desfiles, dos quais somente cinco no formato digital.

Entre uma selfie e outra, os fashionistas se espalham pelo shopping Iguatemi e pelo Komplexo Tempo, na Mooca, os locais onde ocorrem a maioria das apresentações. É possível comprar ingresso para ver os desfiles, pela primeira vez na história do evento.

Nesta sexta (18) acontece um dos desfiles mais esperados do evento, o dos 50 anos da Ellus. A marca vai mostrar releituras de peças-chave de seu guarda-roupas —os jeans vêm em formato oversize e as botas e coturnos, mais avantajados. Como o clima é de festa, a coleção comemorativa também vai trazer brilhos.

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