Descrição de chapéu Obituário Edino Krieger (1928 - 2022)

Morre Edino Krieger, mestre da música contemporânea brasileira, aos 94 anos

Compositor transitou pelas principais vanguardas artísticas do século 20 e defendeu a arte em instituições públicas

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São Paulo

Morreu na noite desta terça-feira (6) o compositor Edino Krieger, aos 94 anos, um dos principais nomes da música contemporânea do país, em decorrência de problemas no sistema respiratório. Ele estava internado há cerca de um mês na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família.

O compositor Edino Krieger na frente do quadro que o pintor Carlos Scliar fez em sua homenageam, em seu apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro, (RJ) - Ana Carolina Fernandes/Folhapress

Ao lado de Guerra-Peixe e Claudio Santoro, Krieger foi um dos principais criadores da música de vanguarda no Brasil, tendo integrado o grupo Música Viva. Entre suas composições mais conhecidas, está a peça "Canticum Naturale", de 1972, em que recria a ambiência da floresta amazônica, mimetizando o som da fauna e da flora, pelo som dos instrumentos.

Ainda nos anos 1970, Krieger se destacaria com "Ritmata" e "Estro Armonico", para violão solo. Sua obra buscou sobretudo abranger a diversidade musical do Brasil, embora tenha transitado por diferentes movimentos estéticos do século 20.

Se em 1944 compôs seu "Improviso" seguindo o padrão impressionista, na década seguinte criou "Rondó Fantasia" e "Abertura Sinfônica", sob o signo neoclássico.

"Ele aliou uma criatividade com uma técnica fantástica, era um curioso pela música, e tudo isso ele me ensinou, foi o meu grande mentor", diz o compositor João Guilherme Ripper, diretor da Sala Cecilia Meireles.

Nascido na cidade de Brusque, em Santa Catarina, em 1928, Krieger começou a tocar violino aos sete anos, sob orientação do pai. Em 1943, se transferiu para o Rio de Janeiro onde estudou no Conservatório Brasileiro de Música com H.J. Koellreuter.

Mais tarde, nos Estados Unidos, também estudou com Aaron Copland, um dos maiores nomes da história da música americana, e conheceu o compositor francês Darius Milhaud. Em seguida, ingressou na prestigiosa escola de música Julliard School, em Nova York.

Voltou ao Brasil em 1949, quando se tornou colaborador da Rádio MEC e crítico musical do extinto Tribuna da Imprensa e do Jornal do Brasil. Na década de 1960, compôs trilhas para os filmes "Bruma Seca", de Mário Civelli e Mário Brasini, e "O Meu Pé de Laranja Lima", de Aurélio Teixeira.

Krieger também foi um importante gestor cultural brasileiro, tendo sido diretor da Funarte, entre 1981 a 1998, e do Museu da Imagem do Som, de 2003 a 2006. Ele criou também as Bienais da Música Brasileira Contemporânea e presidiu a Academia Brasileira de Música.

Em nota, a ABM classificou Krieger como o "maior defensor da música brasileira de concerto". "Sua presença estará marcada para sempre na história da música brasileira e instituições culturais do país."

O velório de Krieger ocorre nesta quarta-feira (7), na Sala Cecilia Meireles, de 14h às 17h. O corpo será cremado em cerimônia restrita aos familiares. Krieger deixa a mulher, a jornalista Neném Krieger, três filhos e cinco netos.

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