Há quase três anos, em setembro de 2020, o lobo-guará entrou para um seleto clube de animais brasileiros endinheirados. Tema do sétimo volume da Coleção Folha Fauna Brasileira para Crianças, essa espécie passou a estampar a nova nota de R$ 200 —que, vamos combinar, pouca gente viu em circulação por aí.
A escolha ocorreu após uma pesquisa feita pelo Banco Central em 2001, mas a importância de ter o lobo-guará desenhado numa cédula não é somente admirar a sua elegância, o porte esguio e a pelagem dourada. Como mostra o novo livro, que chega às bancas neste domingo, dia 30, ao preço de R$ 22,90, esse bicho é fundamental para a saúde do cerrado.
"Ele é um importante dispersor de sementes. Ao se alimentar de frutos, espalha as sementes por diferentes locais", afirma Eliana Ferraz Santos, uma das autoras de "Ecology and Conservation of the Maned Wolf" (Ecologia e Conservação do Lobo-guará, em português, sem edição no Brasil) e colaboradora deste volume da coleção.
Pode parecer estranho, porque o lobo geralmente é associado a um animal carnívoro. Mas essa espécie é onívora e adora comer goiaba, gabiroba, araçá e, é claro, lobeira —fruto que foi batizado assim justamente por ser o favorito do lobo-guará.
Mas o cardápio quase vegetariano não o impede de caçar animais, sobretudo pequenos roedores, cobras, insetos e moluscos. "Ele ajuda a fazer o controle de espécies que costumam infestar plantações e áreas urbanas", diz Ferraz Santos.
O problema é convencer os seres humanos do papel ecológico do lobo-guará no equilíbrio do cerrado e no controle de pragas. Assim como já foi visto nos seis livros anteriores da coleção, que tem consultoria técnica do gestor ambiental Rodrigo Pires, mais uma vez somos nós o principal risco à espécie.
Parente dos cachorros e um dos canídeos mais altos da vida silvestre, o lobo-guará é catalogado como quase ameaçado ou vulnerável. Pesquisas mostram que, se sua população continuar diminuindo no mesmo ritmo atual, é provável que esse animal esteja extinto em cem anos.
As ameaças são a diminuição do cerrado por causa do avanço das plantações de soja, os incêndios florestais cada vez mais frequentes na região, os atropelamentos em estradas e a caça, motivada muitas vezes pela informação imprecisa de que esse tipo de lobo destrói os galinheiros de propriedades rurais.
Na verdade, apenas 2% de sua dieta é composta por galinhas e frangos, mas eles podem passar muito bem sem esse lanchinho. Para cada ave doméstica caçada, o lobo-guará come de 50 a 70 roedores. "Várias intervenções humanas têm contribuído para que as populações de lobos em vida livre estejam diminuindo", alerta Ferraz Santos.
COMO COMPRAR
Site da coleção: https://faunabrasileira.folha.com.br/
Telefone: (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades)
Frete grátis: SP, RJ, MG, ES e PR (na compra da coleção completa)
Nas bancas: R$ 22,90 o volume
Coleção completa: R$ 664,10
Lote avulso: R$ 132,82
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