Descrição de chapéu Televisão palmirinha

Palmirinha foi para TV aos 60 e cozinhava para criar as filhas em casamento abusivo

Ofício foi aprendido ainda na infância e a ajudou a sustentar suas três meninas, fruto de relação em que era maltratada

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São Paulo

Quando relançou seu livro com mil receitas no ano retrasado, Palmirinha, morta neste domingo (7) aos 91 anos, dedicou a obra "a todas as pessoas que não desistem de lutar por seus sonhos, por mais difíceis que eles possam parecer". Não à toa: o público que Palmirinha mirava era aquele do qual a culinarista fez parte como mulher que, para sustentar filhos, foi para a frente do fogão e empreendeu.

Apresentadora e cozinheira Palmirinha
Apresentadora e cozinheira Palmirinha, que morreu neste domingo (7) - MD.Frame/Divulgação

Palmira Nery da Silva Onofre criou sozinha três filhas na década de 1970. Em 2014, já com 30 anos de carreira na televisão, publicou "O Grande Livro da Palmirinha", da editora Alaúde, obra cuja reedição veio em meio à pandemia de Covid-19.

"Tenho muito orgulho da minha vida anterior à TV, onde, apesar das inúmeras dificuldades financeiras e familiares, pude criar minhas três filhas com muita dignidade, aperfeiçoando minhas aptidões na culinária", relembrou Palmirinha em entrevista à Folha à época.

Ela dizia ter "nascido" na cozinha, já que cresceu em um sítio assistindo a mãe cozinhar e fazer pão. Aos cinco anos, contava, já subia em banquinhos para mexer as panelas.

Aos 19, casou-se com o namorado de pouco tempo. Ficaram juntos por cerca de duas décadas, tiveram as três filhas, mas as coisas não eram fáceis entre o casal. Palmirinha contava ter vivido com ele um relacionamento abusivo, com violência e agressões. Não se separou por medo de que as filhas sofressem de alguma maneira.

A salvação veio pelo fogão. Vendeu bolos e salgadinhos aos finais de semana e trabalhou como governanta por 20 anos, tudo antes de ir parar na televisão.

Depois de aparecer no Programa Sílvia Popovic, do SBT, no final dos anos 1980, foi convidada por Ana Maria Braga, que apresentava o Note e Anote, na Record, a se juntar ao programa, onde permaneceu entre 1993 e 1998.

Não recebia salário, mas fazia o seu "merchan", como contou a Marília Gabriela em entrevista ao SBT em 2012. Em troca das performances, Ana Maria fazia propaganda dos trabalhos de Palmirinha fora da TV e passava seus contatos para encomendas e os cursos de culinária.

Palmirinha estava internada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde 11 de abril, informou a família em uma publicação no Instagram da apresentadora. Ela deixa três filhas, seis netos e seis bisnetos.

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