Só Track Boa une techno melódico e underground em festa de 32 horas sem pausas

Festa no Autódromo de Interlagos dividiu holofotes entre DJs brasileiros, como Vintage Culture, a dupla ucraniana Artbat

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São Paulo

A estrutura de 13 andares e em formato de prédios do palco principal ganhou projeções acompanhadas de sons robotizados, como se fosse uma modernização da paisagem do clássico "Metrópolis", de 1927. O contraste ficou evidente se comparado à primeira madrugada do festival Só Track Boa, em que o contorno da cidade recebeu um bombardeio de luzes neon ao estilo cyberpunk, como o filme "Blade Runner".

Primeiro dia de apresentações do Só Track Boa, festival de música eletrônica que acontece no Autódromo de Interlagos, em São Paulo - Thayane Maciel/Divulgação

O headliner mais aguardado do último dia do festival de música eletrônica, que teve sua maior edição desde 2016, foi a dupla de ucranianos Artbat, um fenômeno das pistas ao redor do mundo. Seu show iniciou em Interlagos com o remix de "The Age Of Love", clássica do techno, reproduzida em tom mais seco.

A dupla fez sucesso no Brasil após uma apresentação no bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, em 2019. Quando iniciaram "Horizon", sua produção de maior sucesso e tom mais melódico, foram ovacionados pelo público. A euforia atingiu seu ápice pouco depois com o remix "Return to Oz", que ocupa o primeiro lugar no Spotify da dupla, com mais de 65 milhões de plays.

Enquanto na primeira madrugada do festival os brasileiros foram as principais atrações no palco, no sábado foi a vez dos DJs internacionais e do gênero melodic techno, mais conceitual e reflexivo. O palco principal começou a bombar no início da noite, com a dupla italiana Fideles e seu remix de "Hey You", do Pink Floyd.

O som mais cru e sombrio de Joris Voorn chegou na madrugada com fogos de artifício. O holandês é reconhecido como um dos precursores do melodic techno. Ele agitou o maior gramado de Interlagos com remixes de "With or Without you", da banda U2 e "Miss You" de Oliver Tree, hit no TikTok.

Já Yotto iniciou seu esperado set com um remix de "Say it Right", de Nelly Furtado, outro sucesso na rede social chinesa. Lasers e batidas mais graves deram um início triunfante ao DJ finlandês, conhecido mundialmente pelas suas melodias progressivas, profundas e melancólicas.

Ao mesmo tempo, o brasileiro Bhaskar se apresentou no palco Garden, a mais dançante das atrações da madrugada, com batidas contagiantes de tech house e brazilian bass —gênero compartilhado com seu irmão gêmeo, Alok.

No início da noite, a dinamarquesa Ashibah já havia enchido o gramado com uma mistura de ritmos e vocais intensos. Conhecida por cantar o próprio set, ela foi sucedida por LP Giobbi, americana que arriscou uma trilha mais dançante com um remix do funk "Combinação Perfeita", do Mc TH e de "Don’t You Need Somebody to Love", da Jefferson Airplane.

Apesar das celebradas atrações internacionais, os brasileiros foram recebidos com igual euforia nos dois dias de festival. Vintage Culture, idealizador do evento e célebre pelos sets contagiantes, foi o sucesso do primeiro dia, superando o inglês Duke Dumont e o francês Dombresky em termos de público.

Illusionize, outro destaque nacional da primeira madrugada, homenageou os primórdios da house music, com um remix de "My House", de Chuck Roberts, de 1987.

Victor Lou e Mochakk hipnotizaram uma legião de fãs no palco secundário do evento, que acabou ficando pequeno com a lotação. Criado em Goiânia, terra do sertanejo, Lou costuma arrastar multidões para ouvir suas mixagens do gênero "desande", uma mistura de tech e bass house com outros ritmos brasileiros, como o funk.

Vintage Culture ainda encerrou o festival ao amanhecer, tarefa que no sábado ficou a cargo da DJ ucraniana Korolova, que chegou a mixar junto com Vintage no início da madrugada para ocupar a falta do headliner Meduza.

O trio italiano, destaque mundial nas pistas de house music desde o lançamento de "Piece of Your Heart" em 2019, anunciou que não estaria presente no festival apenas apenas 16 horas antes de subir ao palco, devido a uma onda de cancelamentos de voos da companhia British Airways.

A mudança de planos contribuiu para que o foco dos holofotes ficasse sobre os DJs brasileiros. Não foi um problema para os fãs energéticos que curtiram, sem pausas, 32 horas de festa no Autódromo de Interlagos.

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