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Cinemateca recebe investimento de R$ 80 milhões após Bolsonaro

Projeto prevê ampliação da sede da instituição, revitalização de seu acervo e uma série de mostras em 12 cidades do país

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São Paulo

A Cinemateca Brasileira lançou nesta quarta-feira o projeto Viva Cinemateca, que deve ter investimentos de mais de R$ 80 milhões para modernizar a instituição e revitalizar o seu acervo.

A iniciativa também prevê atividades na capital paulista e em outras 12 cidades do Brasil. A ideia é levar para lugares como Brasília e Belo Horizonte mostras, exposições e ações educativas para difundir o acervo do órgão, considerado o maior da América do Sul.

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Sede da Cinemateca Brasileira em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

Serão exibidos filmes basilares para a formação do cinema brasileiro, como "São Paulo, A Sinfonia da Metrópole", "Cinco Vezes Favela", "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Bacurau".

Além disso, a sede da entidade, que fica na Vila Mariana, na zona sul paulistana, será ampliada para abrigar um número maior de filmes. As obras devem custar até R$ 80 milhões, recursos obtidos por meio da Lei Rouanet, o principal mecanismo de incentivo à cultura do país.

Quando Bolsonaro estava na Presidência, a sede da instituição ficou cerca de 17 meses fechada em razão de problemas com o governo federal e 16 meses sem gestão direta. Além disso, assistiu à demissão repentina de seu corpo técnico, fruto de um imbróglio envolvendo o Ministério da Educação e a Secretaria Especial da Cultura.

Repleta de materiais que demandam acompanhamento rotineiro, a paralisação pôs em risco importantes registros da história do audiovisual brasileiro.

Em maio do ano passado, a Cinemateca foi reaberta, com a exibição do filme "A Praga", de Zé do Caixão. Cerca de 500 espectadores se reuniram no evento sob o coro de "fora Bolsonaro".

"Mas essa crise não foi recente. Ela começou em 2013. Foram dez anos de muita luta", afirma Maria Dora Mourão, diretora do órgão. "É um renascimento que acontece graças a uma equipe que realmente tem muita capacidade e amor. Depois desse período de crise, estamos voltando."

A instituição pretende atualizar seu sistema tecnológico e restaurar o acervo do Canal 100, cinejornal que era dedicado ao futebol. Essas atividades estão orçadas em R$ 20 milhões.

Uma das prioridades do projeto é catalogar, digitalizar e preservar filmes em nitrato de celulose, material com grande risco de autocombustão que era usado em filmes do início do século 20. Para isso, a Cinemateca investirá cerca de R$ 19 milhões.

Esse cuidado com o nitrato não é à toa. A substância foi responsável por quatro incêndios, que ocorreram em 1957, 1969, 1982 e 2016.

"Formamos uma equipe com catalogadores e conservadores de todo o Brasil para passar em revista essa que é a nossa coleção mais antiga", diz Gabriela Queiroz, diretora técnica da instituição. "É um acervo que mostra um país que foi superado em alguns aspectos, mas que nos mostra que muitas questões ainda estão vivas", diz ela, lembrando os problemas sociais do Brasil.

A sede do órgão também será modernizada. Queiroz diz que essa demanda aumentou em 2021, após um incêndio no galpão anexo da Cinemateca, na Vila Leopoldina, zona oeste paulistana. A Polícia Federal concluiu que o incêndio começou durante a manutenção de um aparelho de ar-condicionado.

"Com isso, a diretoria decidiu focar os investimentos e o trabalho da nossa equipe na sede, que é um lugar de memória e um patrimônio edificado", diz ela, ressaltando que a ampliação busca estimular as visitas ao local.

"A Cinemateca é um ambiente de pesquisa, conservação, mas também de fruição cultural e de lazer. Por isso, é preciso ampliar as possibilidades de eventos culturais para a comunidade."

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