Luiza Lian fala sobre relações virtuais em '7 Estrelas: Quem Arrancou o Céu?'

Em novo álbum, artista rompe hiato de cinco anos sem lançamentos e reforça parceria com o produtor Charles Tixier

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​Renan Guerra
São Paulo

Cinco anos separam o disco "Azul Moderno" e "7 Estrelas: Quem Arrancou o Céu?", novo trabalho da cantora, compositora e artista visual paulistana Luiza Lian.

Esse tempo, que ela classifica "quase como uma gestação de baleia", tem a ver com diferentes fatores, mas o principal deles é a pandemia. Luiza compôs todas as faixas ainda em 2019 e o processo de produção, ao lado de seu parceiro Charles Tixier, foi lento.

Imagem da cantora Luiza Lian - Alberto Rocha/Divulgação

"A gente fazia o disco um tanto, respeitava o próprio tempo dele e se afastava um pouco", explica a artista que enxerga isso como um desdobramento de sua independência artística.

Esse encontro entre os dois artistas cria uma sonoridade bastante única que já era observada nos discos anteriores, mas que aqui se abrem para novas possibilidades. Música eletrônica, MPB e outras experimentações ruidosas se misturam em um trabalho de difícil classificação.

"A gente tem muito a referência do videogame, de anime, até na própria produção, para quem tiver ouvidos biônicos dá para reconhecer isso", brinca Luiza.

No processo de construção de "7 Estrelas", Luiza explica que "a música ganha mais sentido com as camadas de produção", especialmente pela forma de trabalhar em dupla: Luiza grava suas composições e depois ela e Charles transformam as canções até o resultado final.

Lançado no Brasil pelo Selo Risco e no mercado internacional pela ZZK Records, o disco é construído em uma espécie de dualidade: o primeiro ato é mais soturno e tenso, com uma forte presença da música eletrônica e intervenções sobre a voz da cantora – "o coro das perfeitas / o grito dos aflitos / todo mundo fake / todo mundo mito / todo mundo morto", canta Luiza na faixa de abertura "A Minha Música É".

Já o segundo ato é mais límpido e cristalino, onde a voz a se destaca de forma natural, como nos versos "Existe cura em mudar de lugar, sabe? / Existe cura em se deixar levar", da faixa final "Deságua".

As canções românticas e sensuais se fazem presentes, como em "Homenagem" e "Desabriga", mas há também um olhar forte de Luiza para a virtualidade que domina as nossas relações: atrações on-line, fotos fakes e outros cenários pixelados fazem parte dessa narrativa.

"O foco do disco é discutir esse lugar do que é a internet, do que é o fake, dessa hiper-realidade, dessa transformação dos nossos afetos a partir da virtualidade", explica Luiza.

As canções desse trabalho foram compostas em 2019, e quando perguntamos se Luiza ficou ansiosa para lançá-las ou mesmo se cansou delas, ela diz que "surpreendentemente, não". "Eu estava muito envolvida nessas músicas, eu ouvi muito esse disco. Quando a gente começou a poder sair [durante a pandemia], eu saía pela cidade ouvindo o disco, ele era meu escape", explica a artista.

A essência do álbum vem das composições de Luiza Lian e da produção de Charles Tixier – o único acréscimo é a presença de Céu na faixa "Tecnicolor".

A colaboração de Luiza e Charles rendeu inúmeros frutos, inclusive o prêmio de disco do ano pela APCA para "Azul Moderno", em 2018. "O Charles é meu melhor amigo, a gente toca junto há 15 anos. Nós temos uma afinidade muito grande de conseguir construir, improvisar e transformar as músicas juntos. E é muito especial esse processo com ele; ter feito esse disco só com ele foi muito importante para entender o nosso lugar nessa parceria criativa", explica Luiza.

Para ela, as músicas ainda seguem vivas e ganham outros sentidos quando ela sobe no palco e isso poderá ser conferido no show de lançamento do trabalho, que acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto, no Sesc Pompeia.

Além dos shows, uma extensão do trabalho musical se desdobra no visual. Luiza já fez álbum-visual, já fez performance no palco e promete para esse disco o lançamento de um curta-metragem que reúne as faixas "Forca" e "Cobras", dirigido por ela ao lado de Caio Mazini; e um clipe para a faixa "Viajante", do qual ela assina o roteiro.

Luiza tem se colocado em diferentes frentes de trabalho que provam que o tempo lento de produção do disco foi um mergulho necessário para o acabamento cuidadoso de "7 Estrelas: Quem Arrancou o Céu?".


7 Estrelas: Quem Arrancou o Céu

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